Santo António de
Lisboa
nas Festas Populares
da cidade
Instalação
Autoria:
M. Gama Duarte /
2015
Temática:
Homenagem ao Santo
António de Lisboa
|
António é certamente o santo mais
popular na cidade de Lisboa.
Como santo, é imagem inspiradora de
grandes devoções, e de grande fé.
Como santo, e inspirando tantas
devoções, é dos santos mais versáteis no domínio dos milagres.
Especialmente em Lisboa, na
noite de 12 e no dia de 13 de Junho – alturas do ano que lhe estão consagradas
– reúnem-se multidões em festejos de expressão por vezes mais profana que
religiosa. Porém, nos aspectos em que as festividades têm mais cunho profano, é
sobremaneira notável a simpatia que os populares nutrem pelo seu Santo.
Mas todas estas manifestações
de tradição secular são vividas intensamente em ambiente de sadia convivência
entre os lisboetas, e todos os que vêm de além
fronteiras, que regra geral encontram um caloroso acolhimento.
António (Santo António) nasceu em
Lisboa, junto à Sé, por volta do ano de 1192 (a tradição fixa o seu nascimento
no dia 15 de Agosto de 1195).
Por ter nascido na capital (Lisboa) é um
santo alfacinha, mas, mais importante que ser um santo nascido em Lisboa, é o
facto de ser um santo português… (e do Mundo).
O seu nome de registo (o verdadeiro nome
– o de baptismo) é Fernando de Bulhões. Seu pai, Martim Vicente de Bulhões, foi
um nobre cavaleiro do rei D. Afonso II. E sua mãe, também oriunda da pequena
nobreza, chamava-se Maria Teresa Taveira.
Durante a sua infância, e a
adolescência, Fernando de Bulhões teve uma educação e uma instrução segundo os
padrões estabelecidos para seguimento à risca no meio social em que nascera.
Nas suas fases de infância e início da
adolescência, Fernando teve como mestre o seu tio (cónego) Fernando Martins de
Bulhões. Também não faltaram ao pequeno Fernando os ensinamentos que dele
fariam um respeitável cavaleiro de carreira.
Porém, entre os quinze e os dezoito anos
de idade, Fernando ingressa no Mosteiro de S. Vicente de Fora, envergando o
hábito dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Inicialmente Fernando é apenas
apoiado pela mãe – que recolhesse no filho as qualidade necessárias (e mais algumas) para singrar dignamente na
vida monástica e de serviço ao semelhante.
O pai vem por fim também a apoiar o seu filho.
Dois anos volvidos, Fernando resolve
transferir-se para o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, que pertencia à mesma
ordem monástica, mas onde se praticava um nível de estudo interdisciplinar mais
elevado, e onde frequentemente permaneciam, por algum tempo, mestres de
filosofia e teologia vindos de Paris.
Foi em Coimbra, anteriormente no
Mosteiro de S. Vicente de Fora e inicialmente na escola da Sé, que Fernando de
Bulhões absorveu as importantes bases da sua cultura. Mas foi em Coimbra que
ele escreveu os seus primeiros sermões. E durante oito anos Fernando de Bulhões
mantem-se nesta cidade.
É então ordenado sacerdote. E com
apenas 25 anos de idade já se revela, com invulgar notoriedade, a sua sabedoria
e sinais de grande espiritualidade e santidade.
No Verão de 1220 parte para Marrocos
com destino ao Convento de Santo Antão dos Olivais. Já o seu ideal era seguir o
trilho evangélico de Francisco (São Francisco de Assis).
É ao tornar-se Franciscano que
Fernando de Bulhões passa a chamar-se António (Frei António).
Frei António era um afincado estudante.
Profundo conhecedor da Bíblia Sagrada; teólogo de grande nível; extraordinário
pregador.
Acumulava a todos estes predicados as suas
competências no domínio das línguas: Falava o latim, o grego, o árabe e o hebraico…
(um poliglota como também o teria sido Jesus
– o Nazareno… Mas no caso de Jesus, acrescentando-se o aramaica que naturalmente também saberia falar).
Em Marrocos Frei António adoece
gravemente.
Não conseguindo recuperar da sua
enfermidade, Frei António embarca de regresso a Portugal.
Porém uma tempestade violenta muda o
rumo à viagem, e o barco chega às costas da Sicília em Itália. Aí Frei António,
acompanhado do seu irmão Filipe, é
acolhido no Convento dos Franciscanos.
Frei António recupera a saúde. E em
Maio de 1221 Frei António visita Assis – ponto onde se reuniam todos os
franciscanos. E aí conhece Francisco (S. Francisco de Assis).
Frei António é convidado para o
convento de Montepaolo. Como Frei António era o único sacerdote do convento,
passou a exercer o seu ministério ao serviço dos confrades, ao mesmo tempo que,
mantendo a sua humildade, participava em todos os trabalhos.
Os seus dons como orador vão ganhando
cada vez mais projecção.
Frei António dedica-se à pregação, e
é-lhe pedido por Francisco que passe a ensinar teologia aos Frades Menores de
Bolonha.
Em 1224 António parte para França para
pregar e ensinar teologia.
Frei António viaja constantemente.
Durante algum tempo prega entre o Sul
de França e Itália. E na Primavera de 1228 pela primeira vez chega à cidade de
Pádua. Lá fica durante uns meses hospedado no Convento de Arcella.
Ainda em 1228, Frei António é chamado
a Roma pelo Ministro Geral Frei Giovanni Parenti, porque este queria consultar Frei
António sobre algumas questões relativa ao governo da Ordem.
Antes de regressar a Pádua, Frei António
é chamado pelo Papa Gregório IX, para que o frade e sacerdote português pregue.
A pregação é coroada de sucesso, encantando o papa e os cardeais.
Frei António é convidado a ficar para
pregar às multidões de peregrinos, que pela quadra da Páscoa afluíam a Roma.
Mas após a pregação viaja para Assis a fim de estar presente na canonização do
seu irmão Francisco que havia falecido no dia 3 de Outubro de 1226.
Frei António regressa então à cidade
de Pádua.
Repartindo sempre o seu tempo com
sabedoria, inspiração e arte, ele era o erudito: homem dos livros, da palavra,
das bibliotecas, dos púlpitos, e também da clausura e dos ermitérios. Por outro
lado era o popular: homem simples e humilde entre os demais simples e humildes (um
humanista solidário) – compassivo e generoso… Aceitando como desígnio divino as
provações pelas quas passava no exercício da sua acção missionária, e de auxílio
aos mais infortunados. E não se escusava a usar da palavra na crítica à hipocrisia, à negligência e opulência de alguns – imperfeições que ele via como
a origem da falta de moral e de muitas injustiças que causavam a pobreza de
outros.
Depois de uma nova missão em Roma, Frei
António regressa definitivamente a Pádua em finais de Outubro de 1230, onde
permanecerá até aos últimos dias da sua vida.
Frei António faleceu com cerca de 39
anos de idade a 13 de Junho do ano de 1231 no convento de Arcella na cidade de
Pádua, em Itália. Por sinal no mesmo dia e
mês que nasceu o nosso grande poeta Fernando Pessoa.
Instalação
Autoria:
M. Gama Duarte /
2015
Temática:
Homenagem ao Santo
António de Lisboa
|
O processo de canonização do franciscano
Frei António foi o mais célere da história da igreja católica. Não tinha ainda
decorrido um ano quando o Papa Gregório IX, a 30 de Maio de 1232 na Catedral de
Espoleto, canonizou o Frei António e estabeleceu o dia 13 de Junho (dia da
morte do Santo) para os festejos em sua honra.
A cidade de Pádua, onde ficou
sepultado, elege-o como seu padroeiro. E por devoção ao Frei António, recém
canonizado, ainda nesse ano é iniciada na cidade a construção de uma basílica.
Por este facto, e devido à sua
importantíssima acção missionária e ligação afectiva aquela cidade, ele também
é identificado por Santo António de Pádua.
A igreja que em Lisboa foi
inicialmente construída no local onde nasceu Fernando de Bulhões (Santo António), não chegou aos nossos dias. A igreja com o seu nome que actualmente
existe no local foi construída em estilo barroco após o terramoto de 1755.
E no dia 16 de Janeiro de 1946, Santo
António de Lisboa é proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII (até hoje o
único Doutor da Igreja de origem portuguesa).
M. Gama Duarte
13 de Junho de 2015
Bibliografia consultada como apoio à composição deste texto:
– Santo António de Lisboa, de Stefano Dell´Orto (Editora Paulus – 2.ª edição de Junho de 2000)
– Os Génios do Cristianismo – Histórias de profetas, de pecadores
e de santos, de Henri Tincq (Editora
Gradiva – PÚBLICO)
1.ª edição: Dezembro de 1999
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