Os Faunos Marinheiros
Recordavam
ainda
um leve
gosto a maresia
que nos
lábios lhes ficava
dos breves
beijos
das sereia...
Recordavam
ainda
rubros
úteros de areia,
que
ávidos
,
e em
êxtase,
se
abriam
bebendo
o fresco mosto
dos
crepúsculos…
… E recordavam,
enfim,
um fado ancestral…
– um fado cantado
por faunos marinheiros
ao alvorecer
do trinar das guitarras,
que invocavam as naus… – naus, faluas e caravelas
que mais
além navegavam
em maresias
de espuma...
E
nelas se ouvia um pulsar de sangue,
e na memória ainda
o
aroma de primordiais algas em flor …
e um calor
de desejos
ardendo
em delirantes labaredas
de
luar...
E recordavam
as
longínquas noites
em
que estrelas cintilando
vinham
do alto habitar o veludo púrpura
do
céu das bocas…
… e em longínquos oceanos
debruçavam-se
cascatas,
em que se reacendiam
melodias de fogo,
e neblinas
de
iodo
e sal eternamente reluziam...
M. Gama Duarte
(Dedico este poema às novas vozes do fado, e às suas vozes de sempre, bem como o dedico a todos os músicos e poetas do fado, e ainda, em geral , a todos os que sentem o fado de corpo e alma).
O fado é atitude, é postura, é sentimento, é poesia, é vibração.
É com estas palavras que, com todo o respeito e apreço, defino o fado.
... E cada um de nós é único (qualquer ser humano é único) e insubstituível. Por isso existe a saudade.
A saudade é um estado de alma que o fado profundamente conhece. E dessa saudade ele - o fado - nos fala ao coração.
Sem comentários:
Enviar um comentário