João Duarte e
Maria do Rosário Duarte, numa das janelas de sua casa que davam para o quintal, em Lisboa, nos anos 80.
Beleza intemporal
Não era diferente a luz
porque menos leve não era a sombra
que lhes purificava os gestos…
Falavam da eternidade…
– eternidade-sentinela
em chamas
que arde
num eterno lavrar
de caminhos.
Não havia neles princípio…
(talvez um
fim… (um dia)
… Pois seriam gestos sem registo no tempo,
e não os perturbava a memória…
nem a idade dos sonhos,
nem da idade dos desejos...
Não os perturbava a idade da alma…
Indiferentes ao leve sono da lua
e ao tamanho das estrelas,
confiavam na secreta virgindade,
e pureza,
dos errantes punhos de água
em nupciais encontros
com as singelas e imaculadas raízes
de açucena.
…
Não era diferente a luz
porque menos leve não era a sombra
que lhes purificava os gestos…
E eles subiam… Subiam:
degrau a degrau;
pé-ante-pé;
ternura-ante-ternura…
E,
já perto,
navegavam em madrugadas
que se orvalhavam
a um terno
e ténue olhar.
M. Gama Duarte
1996
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