Madrugada nos
teus dedos
e olhas-me…
E o teu olhar
tem a profundeza
de quem olha o horizonte.
Dizes-me: “Além…”,
e olhas-me no rosto;
olhas
as minhas mãos… – fazes uma viagem…
(o passageiro em viagem é o teu coração viajando nos teus olhos…)
… No relevo das tuas mãos: tarsos; metatarsos…
nos nós das tuas falanges,
a Arrábida, o Gerês…
… Pensarás, talvez, em me dizeres:
“Colhe-me aí – nessas serranias – uma flor!...
Colhe-me uma flor
de entre as flores que sabes que mais gosto”
(Tu queres ver uma flor apertada,
entre os meus dedos,
e eu percebo…)
– “Vamos
viajar…” – segredas-me,
como se me falasses de coisas proibidas….
E:
– “Por terras e por mares, vamos!… Vamos viajar!” –
insistes…
E olhas para as minhas mãos…
E eu olho nos teus olhos, e digo-te:
– “Eu sei!... (as serras têm rios, riachos, lagos,
cascatas…”
– “E os
planetas têm mares e Oceanos!…” – recordas-me.
Tu queres viajar…
Mas as minhas mãos também são as tuas mãos,
e as tuas mãos são também as minhas mãos…
Eu sei que as minhas mãos (e talvez também as tuas mãos)
não têm a pureza das águas secretas
… Mas tu dizes-me:
– “Vamos!...”
… E é madrugada nos meus dedos;
nos teus dedos…
… Vamos então...
Vamos!…
Vamos viajar nas nossas mãos!
M. Gama Duarte
26/09/2007
(Poema
dedicado a Rosa Maria Duarte)
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