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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015



Ícaro              
 caro

M. Gama Duarte / 1985

Materiais:
tinta acrílica sobre papel grosso
título:
"A Queda
dos Imitadores de Ícaro"

Ícaro 


















Dédalo, segundo a lenda, foi um notável arquitecto. Mas também se distinguiu como engenheiro, escultor, artesão, inventor e construtor. E, como personagem lendário, encontra-se associado aos mitos da antiguidade clássica grega.
Dédalo era natural de Atenas.
Tinha um filho que se chamava Ícaro e um sobrinho que se chamava Talo. Este último (Talo), além de ser seu sobrinho, e do qual Dédalo se encarregara da educação, veio também a ser seu discípulo.

Dédalo era um artista versátil – de um enorme e reconhecido talento –, e por isso atraía imensa clientela e as encomendas cresciam exponencialmente.
Dédalo recorreu então à ajuda preciosa do seu sobrinho Talo – o qual veio a revelar-se um excelente aprendiz, e no qual Dédalo depositou toda a confiança passando a dividir com ele (Talo) todo o trabalho encomendado.  
Aconteceu que Talo evoluiu extraordinariamente, e Dédalo, movido por sentimentos de inveja em relação o seu discípulo – por o ver evoluir em genialidade ao ponto de ser capaz de superar o próprio mestre –, teve um impiedoso impulso que o conduziu a cometer o bárbaro assassinato do seu próprio sobrinho (Talo).



M. Gama Duarte / 1985

Materiais:
Tinta acrílica sobre papel grosso
Título:
"O Crime de Dédalo"
Dédalo tentou encobrir a sua culpa, mas em vão. É descoberto, julgado pelo Tribunal de Atenas, e condenado à pena capital.
É então preso, e, da parte dos atenienses, Dédalo deixa de desfrutar do respeito e admiração que havia conquistado por mérito.
Passados dias após a condenação, Dédalo consegue a fuga.
Alcança o porto e embarca num navio cujo destino era a Ilha de Creta.







Em Creta Dédalo é recebido pelo rei Minos. E, não obstante o visitante refugiado ser um condenado por prática de crime, Minos recebe Dédalo com honras e não de um modo inverso,

O soberano (Minos) conhece a genialidade e o prestígio do artista recém-chegado. E, face às circunstâncias, Minos por um lado concede protecção a Dédalo e por outro, como moeda de troca, exige do artista a prestação de serviços.



M. Gama Duarte / 1985

Materiais:
Tinta acrílica sobre papel grosso
Título:
"Intimidação"

Dédalo passou assim a trabalhar para o soberano Minos em condições que nada abonavam a favor da liberdade criativa, que tão importante é para qualquer artista. E tudo o que Dédalo passou a produzir, o foi em regime de submissão, subjugando-se aos interesses e às caprichosas imposições do rei e da sua esposa Pasífae.     









Em Creta, a pedido do rei, Dédalo projectou o que veio a ser a sua mais imponente obra, e considerada também, essa obra, a mais grandiosa edificação de todo o mediterrâneo: o Labirinto destinado a aprisionar o Minotauro (a mítica e monstruosa criatura que possuía cabeça e cauda de touro e corpo de homem).
Este monstruoso ser era filho de Pasífae, a mulher de Minos, e de um extraordinário touro branco, pelo qual Pasífae se apaixonara por indução de Posídon (o deus e senhor dos mares).

O mito que nos fala dessa paixão de Pasífae pelo touro branco, conta que Minos tinha a ambição de vir um dia a ser o rei de Creta. E então pediu a Posídon que fizesse com que tal desejo se realizasse.
Posídon atendeu o pedido. Mas, em troca, Posídon pediu que em sua honra Dédalo sacrificado um touro branco que para o efeito lhe seria enviado.
Porém, Minos fica deslumbrado com a extraordinária beleza do animal, e em vez de sacrificar o touro branco destinado ao tal fim, sacrifica um outro touro contando que o deus não viesse a aperceber-se do logro cometido.
Mas Posídon estava atento e não lhe escapou a atitude de desrespeito por parte de Minos. E, a título de castigo pela atitude de desobediência, fez com que Pasífae se apaixonasse pelo belo touro, de cuja relação amorosa vem a ser dado à luz o Minotauro. (Existe também a versão de que foi por intervenção da deusa Afrodite que Pasífae se apaixonou pelo referido touro).
Minos não quis matar o Minotauro por ser filho da sua mulher. Preferiu encerra-lo. E para tal fim ordenou a Dédalo que elaborasse um projecto – o que veio a acontecer: Dédalo, com a ajuda de Ícaro (seu filho) cria o projecto do Labirinto que vem a ser construído na cidade de Knossos em Creta.
O Labirinto era uma colossal e intrincada edificação a céu aberto, com caminhos que serpenteavam, cursos de água e arruamentos sem saída. Era uma concepção de construção a bem dizer à semelhança do próprio palácio real, com inúmeros quartos e corredores de onde dificilmente sairia um qualquer intruso que nele ousasse infiltrar-se.
O Minotauro, em cativeiro e em solidão no Labirinto – onde estava sentenciado a viver –, revelou-se uma criatura enfurecida e voraz, exigindo ser alimentado a carne humana.

Um dia Andrógeo, o único filho de monarca Minos, visitou Egeu (o rei de Atenas).
Durante a visita o rei Egeu convenceu Andrógeo a embarcar na arriscada missão de eliminar a temível criatura aprisionada no Labirinto (o Minotauro).
A tentativa não teve sucesso, e foi fatal para Andrógeo.
Minos reage em força invadindo Atenas. Mas em alternativa a avançar com o arrasamento do território, impôs uma condição: um tributo o qual constava do envio periódico de catorze jovens atenienses (sete donzelas e sete rapazes) destinados a serem abandonados no Labirinto e devorados pelo Minotauro.
Teseu, filho de Egeu, ao ter conhecimento da tirânica imposição, revoltou-se e decidiu libertar o povo ateniense do martírio da tal carnificina. E então, com um plano em mente e determinação, ao aproximar-se o momento da partida de mais um grupo de jovem com semelhante cruel destino, Teseu ofereceu-se para ser um dos catorze sacrificados.
Mas Teseu apenas ao pai revelou o intento de eliminar o temível ser que sinistramente em Creta habitava o Labirinto.
Então, chegado o dia, Teseu parte entre os restantes infelizes jovens com a secreta missão a cumprir por vontade e iniciativa próprias.
Em Creta, Teseu enquanto desfilava juntamente com os restantes jovens a caminho do Labirinto, tem a oportunidade de conhecer a filha do rei Minos (a princesa Ariadna) que estava entre a multidão que assistia ao desfile.
Teseu e Ariadna apaixonam-se um pelo outro, e Teseu revelou-lhe a sua identidade, a razão e o objectivo de se encontrar entre vítimas do triste destino. E revelado o plano a Ariadna, esta tornou-se cúmplice de Teseu e ofereceu-se para o ajudar.
Ariadna recorre a Dédalo e este prontificou-se a colaborar com ela na ajuda a Teseu. E o que Dédalo fez foi idealizar uma estratégia que permitisse que o herói Teseu viesse a conseguir sair do Labirinto após cumprir o seu objectivo.
Ariadna entregou então a Teseu um novelo de fio de lã, e disse-lhe que assim que entrasse no Labirinto deveria começar a desenrolá-lo, e indo desenrolando-o sempre. Pois, seguindo tais instruções, quando chegasse o momento de regressar retomaria o mesmo caminho no sentido inverso não se perdendo, e encontraria assim a saída do Labirinto.


M. Gama Duarte / 1985

Materiais:
Tinta acrílica sobre papel grosso
Título:
"Identificação"
Teseu era um herói no qual os atenienses reconheciam bravura, astúcia generosidade, popularidade e sentido de justiça.














Decidido, Teseu entrou no Labirinto e desde logo estrategicamente pôs em prática a táctica que Dédalo havia idealizado, e que a bela princesa Ariadna, filha de Minos, lhe havia transmitido.
No interior da colossal e complexa estrutura do Labirinto, Teseu procurou o fabuloso Minotauro (o monstro com cabeça e cauda de touro, e corpo de homem), e finalmente se dá o encontro.
O Minotauro encontrava-se em repouso, e Teseu não perdeu tempo. Surpreendeu a criatura e corajosamente lançou-se sobre ela iniciando-se um combate corpo a corpo, e de morte. Toda a força física e valentia de Teseu – sem uso de armas – foi suficiente no confronto, e o fim é mortal para o Minotauro.

(Com coragem e valentia, Teseu livrou o povo ateniense de futuros e brutais sacrifícios. Mas também para o mostro o desfecho que teve a história, significou a libertação da sua natureza ambígena e de assombro (meia humana e meia desumana) – o que o fazia trazia o mal ao mundo. Mas natureza essa que era a consequência de um desígnio do qual o monstro não havia tido inteira culpa).

No exterior, à saída do Labirinto, Ariadna aguardava ansiosamente a chegada de Teseu. E eis que Teseu surgiu são e salvo… e triunfante, trazendo atrás de si os jovens que se encontravam com vida dentro Labirinto e conseguiu salvar.
E, de imediato (sem demora), todos tomam o caminho de regresso a Atenas. Ariadna também ia na companha de Teseu (assim estava pré-determinado – era o desejo de ambos). Porém Ariadna adoece em viagem e não termina a mesma.


Minos ao ter conhecimento do que se havia passado, e do modo engenhoso como o foi, não teve dúvidas de que havia sido Dédalo o mentor do artefacto. E convencido disso, manda encerrar Dédalo com o respectivo filho (Ícaro) no Labirinto.
Ícaro nascera da relação que Dédalo havia tido com Naucrata, que era uma escrava da corte de Minos. Mas Ícaro foi educado e instruído pelo pai. E Minos não poupa Ícaro, encerrando-o também no Labirinto, juntamente com o pai (Dédalo).


M. Gama Duarte / 1985

Materiais:
Tinta acrílica sobre papel grosso
Título:
“Afinidade”
Pai e filho Passaram a viver isolados, alimentando-se de vegetais que colhiam nos locais férteis que havia nas margens dos ribeiros a céu aberto, que corriam no interior do Labirinto. Mas Dédalo, com Ícaro, ia também estudando a forma de se libertarem daquela situação – fuga que, a ser por terra ou por mar, dificilmente não deixaria pistas, as quais seriam aproveitadas pelos perseguidores.







A conclusão foi que pelo ar seria o melhor caminho. Pois se conseguissem inventar um meio de se fazem transportar pelo ar, não encontrariam barreiras. Tiveram então a ideia fabulosa de construírem dois pares de asas que, ligadas que fossem aos seus corpos, os elevariam, voando, para além dos altos muros do Labirinto, e assim conquistariam a liberdade.
Com o plano em mente, Dédalo e Ícaro reuniram uma grande quantidade de penas. Eram penas que se iam desprendendo das aves que cruzavam os céus por cima do Labirinto, e que por ali algumas nidificavam.
Conseguidas as penas suficientes, deitaram mãos à obra unindo-as, uma a uma, com o auxílio de cera de abelhas, a uma estrutura construída com materiais mais duros.

Concretizada que foi a prodigiosa construção, chegou o momento da libertação.
Mas previamente Dédalo, prudente, previne Ícaro chamando-o à atenção para o risco que correria caso subisse muito alto e ficasse demasia perto do Sol. Pois o calor excessivo ameaçaria a consistência das asas envergadas e a sua segurança irremediavelmente ficaria em risco

E, envergando cada um o seu par de asas, que bem ajustaram e fixaram aos seus corpos, num vigoroso bater de asas – ao mesmo tempo que impulsionava os seus corpos para diante – foram-se elevando e chagando cada vez mais alto.
Dédalo e Ícaro voavam para a liberdade afastando-se cada vez mais do presídio a que o rei Minos os havia condenado.
Ícaro, entusiasmado com a singular experiência, esquecera-se das recomendações do pai, e do objectivo essencial, que de todo não era atingir cada vez maior distância em relação à terra segura...
Dédalo, verificando que Ícaro ignorava as recomendações que já lhe havia feito, e preocupando-se com o insensato comportamento de Ícaro, tentou demovê-lo. Mas o jovem Ícaro, incauto e extático, continuava a não ter em conta as preciosas recomendações.
E Ícaro insistiu, subindo cada vez mais alto sem pensar no perigo. E não tardou que o forte calor do Sol começasse a ameaçar a solidez das suas asas, derretendo-as.
Em consequência, Ícaro deixou de ter hipótese de se manter num voo estável, porque as suas asas se iam desfazendo… e foi a tragédia: Ícaro precipitou-se da grande altura a que já se encontrava, sem que qualquer amparo o pudesse evitar.
Dédalo entrou em profundo lamento. E, em terra, numa ilha próxima do sítio do fatídico acontecimento, Dédalo largou as sua asas. Teve a solidariedade da população local que lhe ofereceu um lugar numa embarcação que o levaria até a ilha Trinácria (Sicília).
Na Sicília também era conhecida a genialidade do arquitecto e as suas magníficas obras. E nesta sua nova fase da vida, Dédalo ainda recebeu honras, e a ele recorriam solicitando-lhe serviços – os quais continuavam a conferir mérito ao grande mestre. Mas Dédalo já se havia tornado um indivíduo simples, humilde e modesto, e sem o orgulho que o havia caracterizado também.

Mas, por sua vez, Minos dão desistiu de perseguir Dédalo.
Veio a saber que Dédalo estava na Ilha Sicília. Enviou mensagem ao rei local (Cócalo) manifestando a intenção de capturar Dédalo. E a seguir Minos embarcou para Sicília com a sua comitiva e arsenal militar com o fim de reclamar Dédalo.
Cócalo recebeu Minos fingindo que o acolhia com cordialidade, mas veio depois a armar-lhe uma artificiosa embruscada, da qual o próprio exército de Minos não suspeita. Minos morre, e Dédalo vive até ao final dos seus dias na Ilha Sicília.

Teseu herdou o trono após a morte do seu pai Egeu. Teseu foi um rei adorado e respeitado pelo povo, pela sua bravura, generosidade e sentido de justiça… permitindo que o povo tivesse uma voz activa.  

Egeu veio a ser o nome com que foi baptizado um mar interior da bacia mediterrânica.
O mar Egeu situa-se entre a Grécia e a Turquia, e, segundo o mito, foi nessas águas que o rei Egeu perdeu a vida ao supor que Teseu não tivesse sobrevivido à luta travada no Labirinto com o monstro Minotauro.
Nestas mesmas águas também, segundo o mito, se espalharam as penas das asas de Ícaro, em consequência da sua queda. E, segundo o mesmo mito, essas penas foram-se transformando em ilhas. E uma das versões da origem da ilha de nome Icária, apresenta uma relação desta ilha com a figura de Ícaro.




M. Gama Duarte / 2015


Obs.:
A presente narrativa foi elaborada a partir de uma compilação, que previamente preparei,  recorrendo a textos encontrados na net e a outras fontes literárias. 
(É de agradecer a toda a obra a que nos é dado acesso, e que verdadeiramente nos amplia o conhecimento e nos proporciona a reflecção.
E todas as versões, mesmo que contraditórias entre si, são matéria que merece a nossa atenção, porque nos convidam a um exercício).



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