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MENSAGEM AOS VISITANTES DO BLOG

Saúdo todos os que acedem a este meu Blog, venham ou não, de futuro, a tornarem-se visitantes habituais do mesmo.

Apraz-me contar com todos neste espaço de partilha.

terça-feira, 23 de junho de 2015



R E C O R T E S II  (poemas e desenhos)
Edição do segundo livro da colecção Recortes
(o seu lançamento)




Olh’ Ó  Balão…”


… Mas neste caso não o sendo (e não o foi) ...  na noite de S. João.

No entanto há coisas bem importantes que acontecem (ou se passam) na noite de S. João… Como exemplo: conhecer a mulher que desde tal noite mágica (ou nesse mágico dia) fica a ser a nossa companheira para a vida toda.






Não foi na noite nem no dia de S. João, mas sim num outro (e certo) dia do mês de Maio do ano de 1984 que se realizou o lançamento do RECORTES 2 (edição do segundo livro da Colecção Recortes – cadernos de poesia e desenhos).




E muitos olhares seguiram o balão, digo, os balões… por que eles cumpriam, segundo o plano, a sua parte no evento carregando em viagem um dos 500 exemplares da segunda edição do RECORTES – missão que simbolizava, de facto, o lançamento e divulgação do livro. Mas desta feita o lançamento fazia-se pelos ares.
Missão presa por um fio… Ou antes se diga: boa foi a ideia de não se ter deixado o êxito da sessão preso por um único fio, mas sim preso por tantos fios quantos eram os balões (dúzia e meia, se bem os contámos).










Passados trinta anos após a existência do CJC, e já no início deste ano (2015), num belo dia de fim de semana pela manhazinha, surge-me a luminosa ideia: vamos voltar ao projecto da Colecção Recortes, retomando as publicações com o lançamento do RECORTES 3 



(Obviamente que desta vez não o podendo ser sob a chancela do Circulo Juvenil de Cultura).





Contei à Rosa a ideia com que eu acordara. Ela pronta e entusiasticamente aprovou a ideia...

Mas como concretizar tal ideia?... (nós que tão atarefados andamos sempre: o emprego; a atenção devida à família e à casa; volta e meia os petiscos ao fim da tarde em Corroios: ora no "Alternativa Café", na Quinta do Brazileiro, na companhia do nosso amigo Davide (o proprietário) que nos trata como irmãos e nos proporciona do melhor, ora no "Snak-Bar - O Chocalho” no Mercada Municipal, com uma tradição, que vem de longe, de petiscos variados e divinais, ora no "Restaurante Brazil", também ali perto na Estrada Nacional N.º 10 (excelente cozinha tradicional), ora um pouco mais para o interior do bairro, no "Café – Cervejaria – Restaurante Estrela do Arco" na Rua da Casa do Povo, onde o petisco é também saboreado fresco, e é apaladado).
Mas a ideia do lançamento do RECORTES 3 era uma boa ideia e valia a pena avançar.
Uns mesitos antes tinha-mos reconquistado o contacto com o nosso amigo José Ribeiro Marto (um reconhecido poeta). Reconquistámos esse contacto que andara perdido durante uma catrefada de anos. Mas, para nossa alegria, numa tarde de arrumações de revirar tudo do avesso,  o cartãozinho com o seu telefone veio à minha mão ao remexer numa carteira velha que desencantei no fundo de uma gaveta. Lá estava aquela velha carteira no meio de uma confusão de objectos que já não viam luz há uma meada de anos (há “uma eternidade”, quase).

Eu e a Rosa andámos a amamentar a ideia da reedição do RECORTES 3 durante uns tempos… (e não era uma ideia para esquecer…).
Naturalmente já não podia-mos contar com novos poemas do José Junça (ele falecera no ano de 2009). Mas não dispensaríamos a sua participação póstuma por intermédio de alguns dos seus poemas escritos em vida.
Lançar o RECORTES 3 era uma boa ideia, embora envolvendo algumas probabilidades de ser inexequível. Mas porque não explorar as possibilidades(?).
O sucesso das tentativas de nos juntarmos (alguns dos que fomos o Circulo Juvenil de Cultura: seus fundadores, membros e colaboradores) não passaria somente pela boa vontade, esforço e o acreditar no interesse do regressar ao projecto… e de nessa experiência reviver, talvez, um pouco o espírito desses tempos...
Evidentemente que já não jovens; já não readoptando a sigla do CJC. E seriam hoje bem vindos novos elementos, participantes e apoiantes.
….

Tenho hoje, porém, uma nova ideia sonhada já há uns anos… e já a partilhei em intimidade (com a Rosa Maria e com um dos nossos amigos, o Nelson Resende, que, suponho que sem reticencias, era dos primeiros a propor-se a trabalhar na ideia).
Talvez um dia venha a falar deste projecto sonhado aqui neste espaço de onde neste momento vos falo… (aqui neste blog). E quem sabe se este espaço viria a ser, no concreto, uma das salas de ensaio dos primeiros e curtos passos dessa nova ideia sonhada...
… Ideia sonhada (ou sonho) que talvez se tenha inspirado na realidade que foi o CJC… E sendo que, mesmo hoje, certezas definitivas não temos de que estejamos curados de todas as fantasias e utopias desses tempos.



M. Gama Duarte

23 de Junho de 2015





O Lançamento do Recortes 2
Reportagem fotográfica    



   





































  

















































sábado, 20 de junho de 2015



Fernando Gomes Mana
promoveu, e pessoalmente concretizou,
a volta a Portugal em triciclo a pedal.

Moveu-o a consciência de que é preciso lutar pela total e completa erradicação no planeta, da paralisia infantil (a poliomielite).  
Uma iniciativa com o total apoio da Rotary Club de Mafra.


Em Junho do ano de 2012, decorria ainda, e veio a ter o seu termo no dia 18, a volta a Portugal em triciclo a pedal, promovida pelo meu amigo Fernando Gomes Mana (tenente coronel, do Centro Militar de Educação Física e Desporto de Mafra – CMEFD) – projecto pessoalmente concretizado por ele, com o total e manifestado apoio da Rotary Club de Mafra.
E hoje dedico estas linhas (justamente o faço) ao meu caro amigo Fernando Mana.
  




(Crónica)

Raríssimas vezes, hoje em dia, eu e o Fernando nos encontramos.
A última vez que entre nós aconteceu um encontro, foi já há uns bons anos… E em Mafra.
Mas sempre que entre nós se proporciona um encontro, é aquele abraço.
Entretanto lá nos vamos pondo em contacto à distância: de longe em longe um de nós toma em mão o telefone e assim trocamos as novidades.   
E como de outro modo podia acontecer (?...)  

Imparável na sua maneira de ser, este cidadão português (o Fernando Gomes Mana) vai honrando as causas que defende… – delas fazendo bandeira, e sendo elas motivo para a iniciativa que se segue… e daí partindo para novos desafios, e sempre com aquele ânimo tão característico da sua pessoa.
E com a sua singular dedicação, ele lá vai pondo em marcha os seus planos e projectos. E, na concretização dos mesmos, revelando-se uma originalidade também muito própria… De tal forma que desta vez (em 2012) escolhendo para o efeito deslocar-se sobre rodas (rodas das mais simples), e como motor servindo-se da sua grande força de vontade, força física… e da sua coragem e disciplina.  
E lá se põe Fernando Mana a caminho, pedalando: um altruísta e filantropo em acção (em constante peregrinação…) E sempre assim o conheci… E é velha a nossa amizade (uma amizade de infância). O meu primeiro amigo (o mais antigo).



Era-mos crianças da mesma idade. Ambos nascidos no ano de 1956. E havendo entre nós uma diferença de idade de apenas três meses.     
Havia no sítio onde ambos morávamos uma escadaria interminável calcetada com pedra branca (aquele pavimento na tradicional linha da calçada portuguesa, embora neste caso da escadaria sem haver a fantasia dos desenhos). Uma escadaria que, na minha imaginação, quase ligava as nossas casas porta com porta. A diferença era que o Fernando, morando ao fundo das escadas, ficava mais perto da estação ferroviária de Campolide, e eu mais afastado uns bons lanços de escada.



A meio dessa escadaria de centenas de degraus, morava uma petiza pouco mais velha que nós, pela qual nos perdia-mos só de a ver-mos… E imaginávamos qual de nós os dois (eu ou ele), um dia seria o príncipe libertador da tal Rapunzel retida "em cativeiro" naquela larga varanda. Varanda que, de tão alta que era, nos parecia que, para lá chegar um dos nossos braços esticado, muitos homenzinhos de palmo e meio, como nós, seriam necessários… E o cenário seria eles encavalitados nos ombros uns dos outros, e um de nós no topo.

E naquele tempo – meados dos anos 60, e nas últimas semanas da Primavera e primeira do Verão – degrau a cima e degrau abaixo, ao correr daquela interminável escadaria que tinha um chafariz de pedra ao cimo, a miudagem do bairro ia-se juntando para as competitivas jornadas de peditório para o Santo António.
Manhãs, tardes e noites, de mão estendida na direcção de quem passava. E a cantilena sempre a mesma:
– “Dê um tostãozinho para o Santo António, senhor (ou senhora)… Dê… Dê lá…Só um tostãozinho”.
E sempre em nós a esperança: que o tom do nosso pedido, aliado à persistência, convencesse os transeuntes…

… Olhavam-nos.
Uns davam de bom grado (boamente), sem se fazerem rogados ou difíceis… e não nos fazendo esperar.
Outros olhavam-nos de soslaio, como que desconfiados (talvez duvidando de que o dinheiro realmente fosse para o santo). De entre estes (os de quem por último falo), alguns informavam-nos… usando do seu saber próprio de adultos – um saber sobre assuntos que obviamente nos ultrapassava: “Mas o Santo António não come, meninos!...”.
 …

Eu e o Fernando conhecemo-nos nessas memoráveis colectas para o Santo Alfacinha.
Porém, nos nocturnos arraiais em homenagem ao Santo – arraiais com fogueiras, balões, bailaricos e cantigas – não tenho qualquer clara lembrança de uma única vez em que tivesse-mos convivido.
Porém dois anos mais tarde, já amigos, fomos colegas durante toda a instrução primária. 
Nesses tempos de restrições, racionamento e tostões contados, o professor que nos ensinou na 3.ª classe, ofereceu ao meu amigo Fernando, num gesto que assumiu obrigatoriamente um certo pendor oficial, um caderno pautado para nele o Fernando Mana escrever unicamente as suas histórias fantásticas. E o professor foi peremptório:

– “Este caderno vai ter escrito na capa o seguinte título: “As Histórias do Mana”
E é para ser utilizado, tão somente pelo Mana, e com as suas histórias”.  
Já nesse tempo (de criança aprendendo a juntar as primeiras letras), o Fernando surpreendia em tudo e a todos com a sua imaginação, criatividade e irreverência. E também já se revelando nele, através da sua predisposição para acudir aos mais desprotegidos, um certo condão de justiceiro.


Já eu morava num outro bairro de Lisboa (isto meados dos anos 80), quando uma noite, pela hora do jantar, o Fernando me toca à campainha.
Após nos cumprimentarmos, o Fernando pede-me:
– “Gama, preciso da tua ajuda…” (durante muitos anos me tratou por Gama).
E continuou:
“… É para vires comigo, se puderes, à Sede dos Escuteiros ali junto ao Jardim das Necessidade, perto de Alcântara… É que fizeram o favor de me emprestar uma canoa… (pedi-lhes)… Porque tenho programada para breve uma descida do Tejo, desde Vila Franca até ao Cais de Alcântara…”
Adivinhei – com pouca margem de erro – que aquela sua aventura seria uma aventura solitária, como muitas outras audaciosas aventuras que o Fernando havia tido.
Era para Ir-mos e virmos a pé. Mas o sítio não era muito longe de onde eu morava (talvez nem um Km: percorrer a Rua do Possolo e descer a Fonte Santa). E então do local trazermos aos ombros a prometida canoa, que o Fernando me dizia ter de comprimento cerca de três metros.
Estávamos acompanhados das nossas respectivas namoradas, e a tarefa em agenda para cumprir naquela noite, não era das mais atractivas dado o avançado da hora, e à noite. E elas acharam mais tranquilo ficarem à conversar e a aguardarem que regressasse-mos.

M. Gama Duarte /1972



Materiais:

guache e verniz

sobre papel 
Tento lembrar-me onde nos aliviámos do peso. Não tenho o cálculo dos quilos que eram… Mas que pesava, pesava …



Passaram anos. Nos estudos tomámos rumos diferentes. 
Porém, na terceira semana do mês de Abril do ano de 2012, em conversa com o Fernando ao telefone ele informa-me que vai a caminho de Évora: mais uma etapa da sua Volta a Portugal em Triciclo a Pedal – por ele próprio promovida e concretizada, com todo o apoio da Rotary Club de Mafra.
Fiquei deveras interessado (curioso) e querendo saber mais.
O Fernando, com grande entusiasmo, respondeu às perguntas que lhe fiz sobre o seu a volta … Pelo que, no mais essencial, fiquei esclarecido: a saber as ideias, o espírito que presidia à iniciativa em curso, e o seu objectivo.
Desde logo o seu projecto ganhou a minha simpatia. E dei os parabéns ao meu amigo, e através dele os parabéns à Rotary Clube de Mafra.

Sempre aderi à maioria das Ideias do Frenando, ou pelo menos compreendi-as e apoiei-as. Achei sempre curiosa a sua visão das coisas: inúmeras vezes estivemos de acordo, colaborando um com o outro no caminho a bom porto das muitas coisas que combinámos.
(A maiorias das vezes as ideias eram do Fernando).
                                   
                     

  
                                      




Sophia de Mello Breyner Andresen 



Recordo-me de uma caminhada a pé, explorando Lisboa de extremo a extremo. Logo pela manhã desancorámos prevenidos de farnel para a epopeia do dia, e lá fomos.
E recordo-me também daquela nocturna distribuição, pelos jardins de Lisboa, de poemas impressos em papel. Deixámo-los afixados nos troncos das árvores… – isto numa militância quase clandestina em prole da expressão poética.
O último poema ficou no tronco de uma árvore do Miradouro da Graça defronte da Igreja – local onde desde o dia 02 de Julho de 2009 existe o busto em bronze da grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida no Porto no dia 6 de Novembro do ano de 1919 e falecida no ano de 2004.
Este busto em bronze é uma replica de um busto de pedra dos anos 50 da autoria do escultor António Duarte.



L i s b o a
Actualmente o Miradouro tem o nome oficial de Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen. 
….
L i s b o a














Acedendo à internet, é possível revisitar as epopeicas imagens do atleta Fernando Mana nesta sua Volta a Portugal em Triciclo a Pedal; recordar as reportagens recolhidas etapa a etapa; rever (e ouvir) as entrevistas que lhe fizeram nos estúdios da Rádio Mafra.

“END POLIO NOW” 




Um abraço ao meu grande amigo Fernando Mana.  



M.. Gama Duarte
18-06-2015 


Obs.:
As Imagens (desenhos) 1, 2, 3, 4 e 5 que ilustram esta crónica,
foram reproduzidas dos livros
adoptados para estudo nas 1.ª, 2.ª e 3.ª Classes dos anos da Instrução Primária
no tempo em que eu, e o Fernando, a frequentámos na Escola dos Ferroviários em Campolide (Lisboa).
  

sábado, 13 de junho de 2015



Santo António de Lisboa
nas Festas Populares
da cidade






Instalação

Autoria:
M. Gama Duarte / 2015
Temática:
Homenagem ao Santo António de Lisboa





































António é certamente o santo mais popular na cidade de Lisboa.
Como santo, é imagem inspiradora de grandes devoções, e de grande fé.
Como santo, e inspirando tantas devoções, é dos santos mais versáteis no domínio dos milagres.

Especialmente em Lisboa, na noite de 12 e no dia de 13 de Junho – alturas do ano que lhe estão consagradas – reúnem-se multidões em festejos de expressão por vezes mais profana que religiosa. Porém, nos aspectos em que as festividades têm mais cunho profano, é sobremaneira notável a simpatia que os populares nutrem pelo seu Santo.
Mas todas estas manifestações de tradição secular são vividas intensamente em ambiente de sadia convivência entre os lisboetas, e todos os que vêm de além fronteiras, que regra geral encontram um caloroso acolhimento.

António (Santo António) nasceu em Lisboa, junto à Sé, por volta do ano de 1192 (a tradição fixa o seu nascimento no dia 15 de Agosto de 1195).
Por ter nascido na capital (Lisboa) é um santo alfacinha, mas, mais importante que ser um santo nascido em Lisboa, é o facto de ser um santo português… (e do Mundo).
O seu nome de registo (o verdadeiro nome – o de baptismo) é Fernando de Bulhões. Seu pai, Martim Vicente de Bulhões, foi um nobre cavaleiro do rei D. Afonso II. E sua mãe, também oriunda da pequena nobreza, chamava-se Maria Teresa Taveira.

Durante a sua infância, e a adolescência, Fernando de Bulhões teve uma educação e uma instrução segundo os padrões estabelecidos para seguimento à risca no meio social em que nascera.
Nas suas fases de infância e início da adolescência, Fernando teve como mestre o seu tio (cónego) Fernando Martins de Bulhões. Também não faltaram ao pequeno Fernando os ensinamentos que dele fariam um respeitável cavaleiro de carreira.

Porém, entre os quinze e os dezoito anos de idade, Fernando ingressa no Mosteiro de S. Vicente de Fora, envergando o hábito dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Inicialmente Fernando é apenas apoiado pela mãe – que   recolhesse no filho as qualidade necessárias (e mais algumas) para singrar dignamente na vida monástica e de serviço ao semelhante. O pai vem por fim também a apoiar o seu filho.

Dois anos volvidos, Fernando resolve transferir-se para o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, que pertencia à mesma ordem monástica, mas onde se praticava um nível de estudo interdisciplinar mais elevado, e onde frequentemente permaneciam, por algum tempo, mestres de filosofia e teologia vindos de Paris.
Foi em Coimbra, anteriormente no Mosteiro de S. Vicente de Fora e inicialmente na escola da Sé, que Fernando de Bulhões absorveu as importantes bases da sua cultura. Mas foi em Coimbra que ele escreveu os seus primeiros sermões. E durante oito anos Fernando de Bulhões mantem-se nesta cidade.
É então ordenado sacerdote. E com apenas 25 anos de idade já se revela, com invulgar notoriedade, a sua sabedoria e sinais de grande espiritualidade e santidade.

No Verão de 1220 parte para Marrocos com destino ao Convento de Santo Antão dos Olivais. Já o seu ideal era seguir o trilho evangélico de Francisco (São Francisco de Assis).
É ao tornar-se Franciscano que Fernando de Bulhões passa a chamar-se António (Frei António).

Frei António era um afincado estudante. Profundo conhecedor da Bíblia Sagrada; teólogo de grande nível; extraordinário pregador.
Acumulava a todos estes predicados as suas competências no domínio das línguas: Falava o latim, o grego, o árabe e o hebraico… (um poliglota como também o teria sido Jesus – o Nazareno… Mas no caso de Jesus, acrescentando-se o aramaica que naturalmente também saberia falar).

Em Marrocos Frei António adoece gravemente.
Não conseguindo recuperar da sua enfermidade, Frei António embarca de regresso a Portugal.
Porém uma tempestade violenta muda o rumo à viagem, e o barco chega às costas da Sicília em Itália. Aí Frei António, acompanhado do seu irmão Filipe, é acolhido no Convento dos Franciscanos.
Frei António recupera a saúde. E em Maio de 1221 Frei António visita Assis – ponto onde se reuniam todos os franciscanos. E aí conhece Francisco (S. Francisco de Assis).
Frei António é convidado para o convento de Montepaolo. Como Frei António era o único sacerdote do convento, passou a exercer o seu ministério ao serviço dos confrades, ao mesmo tempo que, mantendo a sua humildade, participava em todos os trabalhos.
Os seus dons como orador vão ganhando cada vez mais projecção.
Frei António dedica-se à pregação, e é-lhe pedido por Francisco que passe a ensinar teologia aos Frades Menores de Bolonha.
Em 1224 António parte para França para pregar e ensinar teologia.

Frei António viaja constantemente.
Durante algum tempo prega entre o Sul de França e Itália. E na Primavera de 1228 pela primeira vez chega à cidade de Pádua. Lá fica durante uns meses hospedado no Convento de Arcella.
Ainda em 1228, Frei António é chamado a Roma pelo Ministro Geral Frei Giovanni Parenti, porque este queria consultar Frei António sobre algumas questões relativa ao governo da Ordem.
Antes de regressar a Pádua, Frei António é chamado pelo Papa Gregório IX, para que o frade e sacerdote português pregue. A pregação é coroada de sucesso, encantando o papa e os cardeais.
Frei António é convidado a ficar para pregar às multidões de peregrinos, que pela quadra da Páscoa afluíam a Roma. Mas após a pregação viaja para Assis a fim de estar presente na canonização do seu irmão Francisco que havia falecido no dia 3 de Outubro de 1226.

Frei António regressa então à cidade de Pádua.
Repartindo sempre o seu tempo com sabedoria, inspiração e arte, ele era o erudito: homem dos livros, da palavra, das bibliotecas, dos púlpitos, e também da clausura e dos ermitérios. Por outro lado era o popular: homem simples e humilde entre os demais simples e humildes (um humanista solidário) – compassivo e generoso… Aceitando como desígnio divino as provações pelas quas passava no exercício da sua acção missionária, e de auxílio aos mais infortunados. E não se escusava a usar da palavra na crítica à hipocrisia, à negligência e opulência de alguns – imperfeições que ele via como a origem da falta de moral e de muitas injustiças que causavam a pobreza de outros.   
        
Depois de uma nova missão em Roma, Frei António regressa definitivamente a Pádua em finais de Outubro de 1230, onde permanecerá até aos últimos dias da sua vida.
Frei António faleceu com cerca de 39 anos de idade a 13 de Junho do ano de 1231 no convento de Arcella na cidade de Pádua, em Itália. Por sinal no mesmo dia e mês que nasceu o nosso grande poeta Fernando Pessoa.



Instalação

Autoria:
M. Gama Duarte / 2015
Temática:
Homenagem ao Santo António de Lisboa 

O processo de canonização do franciscano Frei António foi o mais célere da história da igreja católica. Não tinha ainda decorrido um ano quando o Papa Gregório IX, a 30 de Maio de 1232 na Catedral de Espoleto, canonizou o Frei António e estabeleceu o dia 13 de Junho (dia da morte do Santo) para os festejos em sua honra.
A cidade de Pádua, onde ficou sepultado, elege-o como seu padroeiro. E por devoção ao Frei António, recém canonizado, ainda nesse ano é iniciada na cidade a construção de uma basílica.
Por este facto, e devido à sua importantíssima acção missionária e ligação afectiva aquela cidade, ele também é identificado por Santo António de Pádua.  
A igreja que em Lisboa foi inicialmente construída no local onde nasceu Fernando de Bulhões (Santo António), não chegou aos nossos dias. A igreja com o seu nome que actualmente existe no local foi construída em estilo barroco após o terramoto de 1755.


E no dia 16 de Janeiro de 1946, Santo António de Lisboa é proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII (até hoje o único Doutor da Igreja de origem portuguesa).



M. Gama Duarte
13 de Junho de 2015




Bibliografia consultada como apoio à composição deste texto:


– Santo António de Lisboa, de Stefano Dell´Orto (Editora Paulus – 2.ª edição de Junho de 2000)

– Os Génios do Cristianismo – Histórias de profetas, de pecadores e de santos, de Henri Tincq  (Editora Gradiva – PÚBLICO)
1.ª edição: Dezembro de 1999