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sábado, 20 de junho de 2015



Fernando Gomes Mana
promoveu, e pessoalmente concretizou,
a volta a Portugal em triciclo a pedal.

Moveu-o a consciência de que é preciso lutar pela total e completa erradicação no planeta, da paralisia infantil (a poliomielite).  
Uma iniciativa com o total apoio da Rotary Club de Mafra.


Em Junho do ano de 2012, decorria ainda, e veio a ter o seu termo no dia 18, a volta a Portugal em triciclo a pedal, promovida pelo meu amigo Fernando Gomes Mana (tenente coronel, do Centro Militar de Educação Física e Desporto de Mafra – CMEFD) – projecto pessoalmente concretizado por ele, com o total e manifestado apoio da Rotary Club de Mafra.
E hoje dedico estas linhas (justamente o faço) ao meu caro amigo Fernando Mana.
  




(Crónica)

Raríssimas vezes, hoje em dia, eu e o Fernando nos encontramos.
A última vez que entre nós aconteceu um encontro, foi já há uns bons anos… E em Mafra.
Mas sempre que entre nós se proporciona um encontro, é aquele abraço.
Entretanto lá nos vamos pondo em contacto à distância: de longe em longe um de nós toma em mão o telefone e assim trocamos as novidades.   
E como de outro modo podia acontecer (?...)  

Imparável na sua maneira de ser, este cidadão português (o Fernando Gomes Mana) vai honrando as causas que defende… – delas fazendo bandeira, e sendo elas motivo para a iniciativa que se segue… e daí partindo para novos desafios, e sempre com aquele ânimo tão característico da sua pessoa.
E com a sua singular dedicação, ele lá vai pondo em marcha os seus planos e projectos. E, na concretização dos mesmos, revelando-se uma originalidade também muito própria… De tal forma que desta vez (em 2012) escolhendo para o efeito deslocar-se sobre rodas (rodas das mais simples), e como motor servindo-se da sua grande força de vontade, força física… e da sua coragem e disciplina.  
E lá se põe Fernando Mana a caminho, pedalando: um altruísta e filantropo em acção (em constante peregrinação…) E sempre assim o conheci… E é velha a nossa amizade (uma amizade de infância). O meu primeiro amigo (o mais antigo).



Era-mos crianças da mesma idade. Ambos nascidos no ano de 1956. E havendo entre nós uma diferença de idade de apenas três meses.     
Havia no sítio onde ambos morávamos uma escadaria interminável calcetada com pedra branca (aquele pavimento na tradicional linha da calçada portuguesa, embora neste caso da escadaria sem haver a fantasia dos desenhos). Uma escadaria que, na minha imaginação, quase ligava as nossas casas porta com porta. A diferença era que o Fernando, morando ao fundo das escadas, ficava mais perto da estação ferroviária de Campolide, e eu mais afastado uns bons lanços de escada.



A meio dessa escadaria de centenas de degraus, morava uma petiza pouco mais velha que nós, pela qual nos perdia-mos só de a ver-mos… E imaginávamos qual de nós os dois (eu ou ele), um dia seria o príncipe libertador da tal Rapunzel retida "em cativeiro" naquela larga varanda. Varanda que, de tão alta que era, nos parecia que, para lá chegar um dos nossos braços esticado, muitos homenzinhos de palmo e meio, como nós, seriam necessários… E o cenário seria eles encavalitados nos ombros uns dos outros, e um de nós no topo.

E naquele tempo – meados dos anos 60, e nas últimas semanas da Primavera e primeira do Verão – degrau a cima e degrau abaixo, ao correr daquela interminável escadaria que tinha um chafariz de pedra ao cimo, a miudagem do bairro ia-se juntando para as competitivas jornadas de peditório para o Santo António.
Manhãs, tardes e noites, de mão estendida na direcção de quem passava. E a cantilena sempre a mesma:
– “Dê um tostãozinho para o Santo António, senhor (ou senhora)… Dê… Dê lá…Só um tostãozinho”.
E sempre em nós a esperança: que o tom do nosso pedido, aliado à persistência, convencesse os transeuntes…

… Olhavam-nos.
Uns davam de bom grado (boamente), sem se fazerem rogados ou difíceis… e não nos fazendo esperar.
Outros olhavam-nos de soslaio, como que desconfiados (talvez duvidando de que o dinheiro realmente fosse para o santo). De entre estes (os de quem por último falo), alguns informavam-nos… usando do seu saber próprio de adultos – um saber sobre assuntos que obviamente nos ultrapassava: “Mas o Santo António não come, meninos!...”.
 …

Eu e o Fernando conhecemo-nos nessas memoráveis colectas para o Santo Alfacinha.
Porém, nos nocturnos arraiais em homenagem ao Santo – arraiais com fogueiras, balões, bailaricos e cantigas – não tenho qualquer clara lembrança de uma única vez em que tivesse-mos convivido.
Porém dois anos mais tarde, já amigos, fomos colegas durante toda a instrução primária. 
Nesses tempos de restrições, racionamento e tostões contados, o professor que nos ensinou na 3.ª classe, ofereceu ao meu amigo Fernando, num gesto que assumiu obrigatoriamente um certo pendor oficial, um caderno pautado para nele o Fernando Mana escrever unicamente as suas histórias fantásticas. E o professor foi peremptório:

– “Este caderno vai ter escrito na capa o seguinte título: “As Histórias do Mana”
E é para ser utilizado, tão somente pelo Mana, e com as suas histórias”.  
Já nesse tempo (de criança aprendendo a juntar as primeiras letras), o Fernando surpreendia em tudo e a todos com a sua imaginação, criatividade e irreverência. E também já se revelando nele, através da sua predisposição para acudir aos mais desprotegidos, um certo condão de justiceiro.


Já eu morava num outro bairro de Lisboa (isto meados dos anos 80), quando uma noite, pela hora do jantar, o Fernando me toca à campainha.
Após nos cumprimentarmos, o Fernando pede-me:
– “Gama, preciso da tua ajuda…” (durante muitos anos me tratou por Gama).
E continuou:
“… É para vires comigo, se puderes, à Sede dos Escuteiros ali junto ao Jardim das Necessidade, perto de Alcântara… É que fizeram o favor de me emprestar uma canoa… (pedi-lhes)… Porque tenho programada para breve uma descida do Tejo, desde Vila Franca até ao Cais de Alcântara…”
Adivinhei – com pouca margem de erro – que aquela sua aventura seria uma aventura solitária, como muitas outras audaciosas aventuras que o Fernando havia tido.
Era para Ir-mos e virmos a pé. Mas o sítio não era muito longe de onde eu morava (talvez nem um Km: percorrer a Rua do Possolo e descer a Fonte Santa). E então do local trazermos aos ombros a prometida canoa, que o Fernando me dizia ter de comprimento cerca de três metros.
Estávamos acompanhados das nossas respectivas namoradas, e a tarefa em agenda para cumprir naquela noite, não era das mais atractivas dado o avançado da hora, e à noite. E elas acharam mais tranquilo ficarem à conversar e a aguardarem que regressasse-mos.

M. Gama Duarte /1972



Materiais:

guache e verniz

sobre papel 
Tento lembrar-me onde nos aliviámos do peso. Não tenho o cálculo dos quilos que eram… Mas que pesava, pesava …



Passaram anos. Nos estudos tomámos rumos diferentes. 
Porém, na terceira semana do mês de Abril do ano de 2012, em conversa com o Fernando ao telefone ele informa-me que vai a caminho de Évora: mais uma etapa da sua Volta a Portugal em Triciclo a Pedal – por ele próprio promovida e concretizada, com todo o apoio da Rotary Club de Mafra.
Fiquei deveras interessado (curioso) e querendo saber mais.
O Fernando, com grande entusiasmo, respondeu às perguntas que lhe fiz sobre o seu a volta … Pelo que, no mais essencial, fiquei esclarecido: a saber as ideias, o espírito que presidia à iniciativa em curso, e o seu objectivo.
Desde logo o seu projecto ganhou a minha simpatia. E dei os parabéns ao meu amigo, e através dele os parabéns à Rotary Clube de Mafra.

Sempre aderi à maioria das Ideias do Frenando, ou pelo menos compreendi-as e apoiei-as. Achei sempre curiosa a sua visão das coisas: inúmeras vezes estivemos de acordo, colaborando um com o outro no caminho a bom porto das muitas coisas que combinámos.
(A maiorias das vezes as ideias eram do Fernando).
                                   
                     

  
                                      




Sophia de Mello Breyner Andresen 



Recordo-me de uma caminhada a pé, explorando Lisboa de extremo a extremo. Logo pela manhã desancorámos prevenidos de farnel para a epopeia do dia, e lá fomos.
E recordo-me também daquela nocturna distribuição, pelos jardins de Lisboa, de poemas impressos em papel. Deixámo-los afixados nos troncos das árvores… – isto numa militância quase clandestina em prole da expressão poética.
O último poema ficou no tronco de uma árvore do Miradouro da Graça defronte da Igreja – local onde desde o dia 02 de Julho de 2009 existe o busto em bronze da grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida no Porto no dia 6 de Novembro do ano de 1919 e falecida no ano de 2004.
Este busto em bronze é uma replica de um busto de pedra dos anos 50 da autoria do escultor António Duarte.



L i s b o a
Actualmente o Miradouro tem o nome oficial de Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen. 
….
L i s b o a














Acedendo à internet, é possível revisitar as epopeicas imagens do atleta Fernando Mana nesta sua Volta a Portugal em Triciclo a Pedal; recordar as reportagens recolhidas etapa a etapa; rever (e ouvir) as entrevistas que lhe fizeram nos estúdios da Rádio Mafra.

“END POLIO NOW” 




Um abraço ao meu grande amigo Fernando Mana.  



M.. Gama Duarte
18-06-2015 


Obs.:
As Imagens (desenhos) 1, 2, 3, 4 e 5 que ilustram esta crónica,
foram reproduzidas dos livros
adoptados para estudo nas 1.ª, 2.ª e 3.ª Classes dos anos da Instrução Primária
no tempo em que eu, e o Fernando, a frequentámos na Escola dos Ferroviários em Campolide (Lisboa).
  

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