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MENSAGEM AOS VISITANTES DO BLOG

Saúdo todos os que acedem a este meu Blog, venham ou não, de futuro, a tornarem-se visitantes habituais do mesmo.

Apraz-me contar com todos neste espaço de partilha.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015




Plano 1 
Quantos dos Passos
da nossa Caminhada
          
serão Tempos
da nossa Memória?




M.  Gama Duarte / 2015

Lugar:
Caminho para a Ribeira de Alvôco
na Aldeia de Vide (Concelho de Seia)



          







                                           
            
                                                                                                                                                
                                                                                                           

M.  Gama Duarte / 2015

Lugar:
Jardim na Cidade de
Oliveira do Hospital (Concelho de Seia)




              





            

Plano 2 










. . .















Imagens Plano 1 e 2:
Instalação (M. Gama Duarte / 2015)







E porquê
nada vos dizer
noites assim. . .
com este luar. . .
e este orvalho?. . .

(quem, afinal sois vós ?. . .
Quem?. . .) 

Ou então pergunto:  
–  quem derramou
sobre esta noite,
sobre este luar e este orvalho,
tais veladas cores anunciando
o fim prematuro
da saudade? . . . )
. . .

E quais braços
erguidos(?);
quais intermináveis mares levados  em ombros – mares    
sem luar. . . e sem redes?. . .

(quais mesas sem cais,
a que vós vos sentais?. . .)

… E a que peito virá ancorar aquele "navio" que vejo ao longe, tão solitário. . .  e sem marinheiro?. . .  - navio que ruma. . .
que ruma sempre. . .    
que vem sempre rumando… rumando. . .
. . . 




M. Gama Duarte / 2007

(Extracto do poema
Naufrágio
em mar
do Sal
de uma Lágrima) 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015




Quando

quase nem luz,
e nem sombras

Mas talvez a cor
e breves reflexos e cintilações





M. Gama Duarte / 2015



(instalação)



Título : Retiro 






























Sou da opinião de que toda a gente (qualquer um de nós – qualquer que seja a língua e o código que use para comunicar) deveria, em vida, deixar algo escrito. Isto antes de chegado o fim – de chegados os últimos dias, ou os últimos momentos de vida… E tal discurso (essas últimas palavras proferidas) para revelação póstuma… (como que um reduto) – documento esse que deveria representar, com verdade, as linhas mais sinceras de entre as demais linhas que antes se tivessem escrito ao longo de toda uma vida.
Significaria ficar-se (cada um) sujeito a tudo (neste caso a alma… pois já por cá não se andaria, mas sim no limbo) - sujeito  a tudo o que se dissesse a título de comentário: ódios; raivas; elogios… Até comentários em forma de sentimentos de apoio a uma eventual proposta de beatificação da pessoa em causa… Ou antes pelo contrário. Enfim, sujeitos a tudo... Mas a pessoa em causa tendo já abandonado qualquer desempenho em carne e osso neste mundo… portanto sem condições físicas para aceitar os circunstanciais abraços, aplausos, ovações, desdéns, assobios, etc., etc.
Era este o Pensamento do Dia do amigo Orlando Aires. E ainda, de si para si, Orlando Aires acrescentara o seguinte comentário:
– “Pelo meu lado, ainda estou vivo apesar de carregar com este semblante um tanto ou quanto pálido… – que por um lado é genético, e por outro devendo-o à minha maior simpatia pelas horas frescas e pelas sombras (raramente procuro o Sol e a ele me exponho a céu aberto)”.








É verdade que Orlando Aires gosta daquela hora em que raia o dia, das tardes de Primavera e de Outono… E gosta sobretudo da noite. Prefere os contrastes, os brilhos, os reflexos, as cintilações. E provavelmente por isso, mas juntando-lhe outras razões derivantes da sua particular sensibilidade, ele ali estava àquela hora.



Noite de Sábado de Aleluia do ano de 2015.

Orlando abancou naquela bem conhecida esplanada do bairro – esplanada de uma casa de pasto de onde há muito é cliente: Restaurante Cervejaria “Ninho do Arco”.
Em frente, do outro lado da rua, há um arco (que não é propriamente um arco: é uma abertura rectangular por debaixo do primeiro andar de um prédio – uma abertura que dá passagem a peões e carros para as traseiras desse quarteirão). Não sei se o nome “Ninho do Arco” vem daí.
Nesse bairro não são altas as habitações. Misturam-se vivendas modestas com prédios de dois, três e quatro pisos.
E relativamente ao “Ninho do Arco”, este é apenas um dos vários estabelecimentos do género que existem naquela antiga zona do bairro.
Mas o “Ninho do Arco” é a cervejaria que Orlando mais frequenta (a que prefere).
Orlando senta-se na esplanada e o ambiente já lhe é familiar, pois a esse ambiente já há muito se habituou.
A clientela é simpática e o pessoal de serviço sempre prestável. E quanto ao repasto, Orlando também não tem razões de queixa.
À sua volta quase sempre as mesmas caras (freguesia fidelizada) – vizinhança popular que ali acorre pró copo e pró petisco, e que ocupa principalmente as mesas mais próximas da entrada dessa tradicional cervejaria. Mas Orlando acostumou-se às mesas de canto. 
Normalmente vai com a sua mulher, mas naquele dia ele estava só. E só assim – – lhe costumam surgir as melhores ideias para os seus textos, e por experiência sabe que assim a inspiração melhor lhe assiste… E só assim – – era possível naquela ocasião redigir as linhas que se iam desnovelavam no papel… – linhas que, graças a Deus, ainda não se lhe embaciavam.






De quando em vez Orlando fazia uma breve pausa e olhava em redor. Olhar que umas vezes era atento, e outras mais desprendido e a fugir, com toda a naturalidade, para a verdura alta dos quintais das moradias do outro lado da estrada, e para o céu.
Mas quando o seu olhar se fixava na imagem de alguém, era frequente confrontar-se consigo próprio. E neste confronto consigo próprio certificava mais uma vez em si o desconhecimento relativamente a determinadas dimensões da vida: “De que natureza e quantos serão os problemas dos outros que observo, e cujas expressões me são tão claras… reflectindo desilusão e tristeza?... Que conseguirei eu seguramente adivinhar pelas suas expressões?”.

Discretamente, e de relance, os olhos de Orlando visitavam de novo alguns dos rostos à sua volta, mas as dúvidas invariavelmente persistiam. – “Talvez eu seja um mau leitor dos discursos que se vão escrevendo nos rostos…” – desconfiava Orlando de si mesmo. E por entre todas as certezas e incertezas, o mundo não parava… E Orlando descia por fim à mais crua realidade: uns iam entrando; outros iam saindo. E, insolitamente, havia aquelas mesas onde parecia não haver ninguém só porque estavam ocupadas por alguém que todavia, derivado à sua imobilidade e silêncio, se tornava aos olhos de Orlando de todo transparente.

Mas, a Orlando, eram as linhas que saiam da sua caneta uni-ball para o papel que, como teias, que o prendiam à mesa a que se sentava, assim o obrigando a ficar… e ficar também fixo à noite – noite aquela (de Sábado de Aleluia) sob a qual se fixava também a cadeira onde o seu corpo se prostrava.
De resto eram as taças vazias, as tachas cheias (que na perspectiva de Orlando pareciam sempre as mesmas)… e eram as iguarias… os cigarros que se acendiam e reacendiam numa espécie de silencioso e lento fogo preso.
Orlando tinha o seu cigarro estrangulado na borda do cinzeiro. Esqueceu-o… e já ia a pouco e pouco pendendo para a superfície da mesa por lhe pesar mais a extremidade do filtro.
Orlando lembrou-se entretanto do cigarro mas logo o esqueceu porque ao interesse do cigarro sobrepunha-se uma ideia obviamente a não perder e a reter no seu bloco de notas.
Era interessante que fosse possível acontecer aos problemas mais chatos e de difícil resolução o que acontece com os cigarros (ou seja: ser possível utilizar-se o mesmo método): acender junto dos problemas um fósforo ou chegar-lhes a chame de um isqueiro, e esperar até arderem por si próprios e por completo” – pensou Orlando.



Não corria uma brisa na esplanada.
Orlando voltou a botar o isqueiro no cigarro que já reclamava chama nova, porque entretanto se apagara, e reparava que a sua segunda taça de vinho já ia no fim.
No prato ainda três jaquinzinhos que restavam da dose. Os minúsculos peixes pareciam fitar Orlando, como se lhe pedissem:
Come-nos também, Orlando… Não temos vontade alguma de irmos de volta para a vitrine do balcão, porque não gostamos da companhia dos torresmos e das entremeadas…”.
Orlando compadeceu-se das suplicantes criaturas, e deu-lhes razão relativamente às más companhias (os torresmos e as entremeadas…), e o que as criaturinhas haviam desejado em breve se concretizou.
Por último Orlando ergueu ao nível das suas têmporas a taça com o resto do vinho. Fê-lo num gesto simbólico… talvez devido a mais uma vez se ter lembrado que era Sábado de Aleluia.
Orlando podia certificar-se de que não estava equivocado quanto ao dia – isto caso tivesse consigo um pequeno calendário na carteira… Mas não tinha consigo nem calendário nem qualquer outro instrumento informador de datas, feriados e festas religiosas.
Olhou então para o seu relógio de pulso, que há muito o engana sobre as datas. Quanto às horas: 22,29 h. “Nem tarde nem cedo” – aferiu Orlando. E olhou em redor de si: Noite… – referência que o seu velho relógio não lhe podia dar – pois por detrás do vidro redondo não clareia nem escurece em função de cada momento do seu universos de vinte e quatro horas.
Mas anoiteceu… Com ou sem eclipse, anoiteceu. Tivesse Orlando sono, ou não, anoiteceu. E com ou sem automóveis circulando na rua, ou quer houvesse ou não vivalma palmilhando os passeios, anoiteceu.
Orlando olhou novamente para o mostrador do seu relógio, e pensou:
– “Felizmente, ainda só vejo nele três ponteiros: o das horas, o dos minutos e o dos segundos. E ainda pergunto: “Onde estará Aquele (um certo homem demasiado avançado para o seu tempo) que há cerca de dois milénios foi cruxificado no monte do Gólgota (o Lugar da Caveira)?...  – martírio que não evitou porque  enfrentou, e aceitou, todas as consequências ao defender o seu livre pensamento e ao não desistir de publicamente passar as suas mensagens de fraternidade e justiça”.

Mas todos temos uma caminhada sobre o duro saibro da nossa Torrente de Cédron.”



M. Gama Duarte / 2015

Título:
Pulsares

Materiais:
Pastel seco e de óleo sobre cartolina



























Orlando havia passado alguns quartos de hora antes à porta da igreja matriz da sua paróquia. Havia luzes no seu interior. Decorria alguma cerimónia. Uma Missa?... um Terço?... Uma Via Sacra?... Uma Vigília extraordinária?...
Orlando não o chegou a saber porque simplesmente passou… seguiu.   


O funcionário da Cervejaria delicadamente abeirou-se da mesa de Orlando para recolher as loiças vazias e o lixo.
Enquanto procedia ao levantamento do tudo o que havia a recolher, perguntou ao cliente:
– “Então estava tudo bom, amigo Orlando”?
Orlando respondeu que sim descolando os olhos do papel, e sorrindo.

Qualquer um de nós – qualquer que seja a língua e o código que use para comunicar, deveria, em vida, deixar algo escrito.
Havia sido este o pensamento do dia de Orlando… – que, no seu caso, não haviam sido as últimas palavras ou linhas que escrevera em vida. Haviam sido simplesmente mais umas simples palavras e linhas que escrevera à mesa da esplanada da Cervejaria “Ninho do Arco” situada numa das ruas mais concorridas do seu bairro.


O funcionário surgiu de novo para recolher o resto das loiças vazias e remover o lixo.
Enquanto o funcionário se movimentava entre as mesas, Orlando pegou na bolsa preta que sempre trás consigo e onde já havia arrumado as suas coisas. E Levantou-se.
O funcionário da cervejaria deu conta de que Orlando se retirava, e em curtas palavras agradeceu a presença do mesmo e desejou-lhe uma boa noite.
Com igual simpatia Orlando também agradeceu e desejou uma boa noite. E, como era Sábado de Aleluia (uma vez mais Orlando se lembrava) acrescentou: “E uma Boa Pascoa, amigo Hermínio… - Para si e para os seus”. E o funcionário retribuiu.


De regresso a casa, Orlando recordara-se que momentos antes, ao encaminhar-se para o “Ninho do Arco”, passara à porta da igreja da sua paróquia, e, se no retorno tomasse a mesma direcção, por lá voltaria a passar… E talvez ainda houvesse luz… E talvez ainda alguma cerimónia alusiva à Páscoa estivesse a decorrer. E talvez daquela vez sentisse vontade de saber a razão das luzes, e entrasse… E assim algo mais ficasse por ventura a saber sobre aquela prodigiosa fé que abre mares e arreda montanhas.





M. Gama Duarte / 2015                


  

sábado, 12 de setembro de 2015



Batatas,
ameixas,
requeijão e açafrão
(tudo em cru)



Imagem I













Imagem II













Imagem III





















... para uma estória, quase surreal,
à mesa.


Ilustração:

Instalação (M. Gama Duarte / 2015)


Título:
Batatas,
ameixas,
requeijão e açafrão
(tudo em cru)




E
uma... 

Janela  discreta

de  uma  casa  discreta,
habitada  por  alguém discreto,
numa  rua  discreta
de  um  lugar  discreto,
onde  tudo  o  que  nele  existe
é  discreto:
       

Título:
Uma janela discreta

Materiais:
Aguarela, guache
e pastel de óleo
sobre papel  
























M. Gama Duarte / 2015

Título:
Vista da ma janela discreta (1)










M. Gama Duarte / 2015

Título:
Vista da ma janela discreta (2)