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MENSAGEM AOS VISITANTES DO BLOG

Saúdo todos os que acedem a este meu Blog, venham ou não, de futuro, a tornarem-se visitantes habituais do mesmo.

Apraz-me contar com todos neste espaço de partilha.

quinta-feira, 30 de julho de 2015



A Rosa (a fadista)
espreitando através da janela
da casa do poeta







M. Gama Duarte / 2015
(Instalação)

Título:
A Rosa (a fadista) espreitando
através da janela da casa do poeta

                                                          O poeta
em casa da poetisa






… Sim, amiga…
Hoje sim: 
ficarei em tua casa…

Diz-me apenas
onde fica  
o teu guarda-fatos:
quero sossegar
de mansinho,
e adormecer,
de rosto
sobre o forro
do teu casaco…

Mas…
se mesmo assim
eu sentir frio…
há sempre um livro (!) algures…  
(um dos teus livros, por exemplo…
Porque não?...)

Mas é importante
que o aqueças muito bem
ao teu peito…
… Cobrir-me-ei  depois com ele:
cobrirei os meus pés,
o meu peito;
os meus ombros;
o meu pescoço…

Fecharei depois os olhos…
(ficarei em silêncio…)

Mas em noites assim…
é leve o meu sono…
– leve como uma concha…
e o meu acordar é
suave…
e salgado… –
mais suave e salgado
que as areias das praias…
e que os cascos
dos navios.






M.  Gama Duarte
14-07-2007













quarta-feira, 29 de julho de 2015




TABERNA  SAUDADE 

FADO




TABERNA – SAUDADE – FADO  

















                                                                          





O fado é atitude, é postura, é sentimento, é poesia, é vibração.


... E cada um de nós é único (qualquer ser humano é único) e insubstituível. Por isso existe a saudade.
A saudade é um estado de alma que o fado profundamente conhece…
E dessa saudade ele - o fado - nos fala ao coração... 


E o Silêncio só deve ser interrompido quando é para o valorizarmos.
Por isso se canta o fado para valorizar o silêncio…



M. Gama Duarte





terça-feira, 28 de julho de 2015





Versão livre
 de “imagem que recordo
aquando de visita à casa da mariquinhas…
–Isto num tempo
ainda antes da sua janela com as tabuinhas”         



M. Gama Duarte / 2015

(Instalação)





Noite… Agora a noite...
… (Anoitece).
Há hora marcada para o encontro no coração da noite.

Das bandas das sete colinas, etéreos bisturis – que são vozes que ressurgem em subtileza e frémito seculares… Vozes que apontam a Sul – um apelo de asa a sobrevoar o Tejo… – vozes humedecidas por um líbido de maresia.
Vamos ao encontro do coração da noite no coração da cidade…


Lisboa...
Brilhos; reflexos; cintilações; contrastes…
Sinos na noite – que não são os sinos dos campanários das igrejas, das capelas, das basílicas, ou da Sé (pois estes jazem em silêncio).
Os sinos que redobram são bocas que folgam em odores e melodias: cantam; choram; bebem; sorriem…
E bocas, olhos, ouvidos, mãos e corações à sua maneira cantam; à sua maneira olham; à sua maneira escutam; à sua maneira tocam; à sua maneira sentem (e é isto… – é assim… E isto é o Fado: maneiras e gestos nossos. Mas ao nosso lado também as maneiras e os gestos de outros que chegam de outros mundos, e que por vezes nos inspiram, em algum sentido, na maneira de nós sermos… ou de não sermos)…

… e assim nesse coração da cidade – nesse coração da noite… (Alfama na maioria das vezes), sempre vai acontecendo cruzar-mo-nos com alguém que já conhecemos de vista (ou que um dia viremos a conhecer melhor que apenas de vista)…  ou com amigos propriamente dito. E isto (assim) acontece ao descermos uma viela, ao virarmos numa esquina, ao atravessarmos um largo, ao espreitarmos um beco, ao descansarmos entre dois lanços de escada empedrada em típica calçada portuguesa, ao pararmos à porta junto ao respectivo umbral, ou já à mesa no interior desse retiro ao qual chegámos… (não esqueço o “Fora de Moda”, o “Boteco da Fá” a “Baiuca”, a “Tasca do Chico”, a “Tasca do Jaime”, “ a Morgadinha”… –  .

… 

Um olhar mais circunspecto e à média luz, desbrava caminhos entres outros olhares e vultos… e ao mesmo tempo desbasta nuvens de fumaça.
Fixa-se por fim o olhar nas paredes onde em cartazes e molduras ressaltam rostos – todos (ou quase todos) felizes: rostos sozinhos – isolados no espartilho dos caixilhos; rostos encostados a outros rostos em comuns, ou habituais, manifestações calorosas, ou de circunstância… Fisionomias fidelíssimas, e muitas das mesmas, certamente, já tendo ali passado por mim (por nós)… mas que esqueci (esquecemos).

Entre os mais próximos, há os que ficam e permanecem e há os que vão andando…
E entre eles (ou entre todos nós) há as vozes comprometidas com a noite (ou prometidas à noite). E isto relativamente a algo que ali também nós procuramos, e que é das coisas mais genuinamente encantatórias que a noite tem em si: O Fado.

Fernando Alves; Alexandre Correia (a quem gosto imenso de ouvir cantar "A igeja de Santo Estevão"; Quim (o Quim que não canta… Mas um apreciador e conhecedor do Fado – créditos devidos a muitos anos de interesse pelo Fado: ouvindo-o, sentindo-o e compreendendo-o. Em conversa com o Quim às vezes, por graça, dizia-lhe: “És um musicólogo do Fado… Por isso és um Fadólogo”. O Quim ria-se e a nossa conversa continuava agradável, e eu sempre aprendendo com este nosso amigo); Tiago Andrade; David Gonçalves; João Ferraz; Dionísio (este amigo trazendo-nos na sua voz o Fado de Coimbra); João Sacramento; Paulo Miranda; João Soeiro…

Vozes que, além de cantarem, por “entre-olhares” e “entre-sorrisos”, vão perguntando a um e a outro: “… Já cantaste?”…
Ao amigo Quim é claro que nunca ninguém pergunta: “Já cantaste?...”
O nosso amigo Quim assemelha-se, neste aspecto, à minha pessoa…

Não canto. Nunca cantei: nem fado, nem outros cantares… ou, se melhor for uma outra forma de exprimir-me: nem fado nem outras canções.
Ou talvez O cante… quero dizer: talvez cante O Fado numa certa forma: em pensamento.
Mas se afinal canto O Fado numa certa forma (em pensamento), não é, porém, a minha voz que aos meus ouvidos soa… que é o mesmo que dizer: não me oiço a mim próprio mas sim a outro: a um outro de entre os muitos – homens e mulheres, deste e de outros tempos – que sabem (ou souberam) cantar O Fado.


(Tenho a meu lado quem canta… – neste peregrinar une-nos a paixão pelo Fado).

– “Silêncio… e a vossa atenção, por favor…– pedia o Sr. João Carlos à assistência… e logo passava às apresentações:
– “Vamos prosseguir a nossa noite de Fado.
Fados aqui às Quintas e Sextas-Feiras, Sábados e Domingos: na “Tasca do Xico”, em Alfama. E hoje connosco à viola e à guitarra, respectivamente, Jerónimo Mendes e André Dias, para quem peço desde já uma salva de palmas…” (ouvem-se aplausos). “… E para nos cantar fado, na minha e na vossa presença, a voz de uma amiga que nos visita (mas uma cara já conhecida nesta casa): Rosa Maria”.
M. Gama Duarte / 2015
(Instalação)

Título:
Visita amiga



Vamos a caminho do coração da noite… do coração da cidade (Lisboa)...
... Seus Bairros:




Alfama; Mouraria; Castelo; Graça; Bairro Alto; Madragoa… Alcântara...
Alfama é um dos ventrículos do coração do Fado.

Percorremos vielas, becos, ruas, travessas… E sinto todos estes caminhos como se fossem veias, vasos e artérias de um sistema circulatório de emoções, sentimentos e memórias.     

Conhecemos o jovem Tiago Andrade num dia em que fomos aos fados. Foi numa noite em Alfama nos primeiros tempos das nossas peregrinações fadísticas, lá para os lados da Igreja de Santo Estevão (no Boteco da Fá). Ambiente onde também tivemos a oportunidade, e o privilégio, de pessoalmente conhecemos o Artur Batalha (Artur, sempre aquela presença em pessoa: simpática, afável… e a atitude e a expressão do grande fadista de sempre, que ele é).

Entretanto damos conta da entrada no Boteco de um jovem (o Tiago Andrade). Ele atravessa a sala e, descontraída e perfeitamente à vontade, senta-se sozinho numa mesa contigua à que ocupávamos. Rosa Maria já havia cantado.
Volvidos alguns minutos soa o nome de Tiago Andrade na boca de quem ia chamando os fadistas à presença dos instrumentos e dos respectivos músicos.
O Tiago cantou… (dois fados: um de João Ferreira-Rosa, e o outro não me recordo de quem)… E cantou muito bem... e não se fez esperar a merecida salva de palmas.  

Desde tal ocasião passou a ser frequente encontrá-lo (ao Tiago) em Alfama, e conversarmos com ele… E, com agrado, ouvi-lo a cantar o fado.


TABERNA
SAUDADE
FADO

Localização:
Rua Presidente Arriaga, 69
1200-771 Lisboa

E agora (hoje em dia) é também possível ouvir o nosso amigo e fadista Tiago Andrade no seu retiro de Fado, perto do Museu de Arte Antiga, entre Alcântara e Santos, e  que tem o nome TABERNA SAUDADE… Espaço para o qual já fomos convidados e do qual já se proporcionou desfrutarmos.    






















Arranjo gráfico criado a partir de foto do interior do estabelecimento e do respectivo cartão comercial /convite    






Obs. Na crónica, os parágrafos completos escritos em itálico são recortesfragmentos… ou simples, e apenas, detalhes de mensagens (crónicas) que neste blog vim a publicar tempos atrás…



M. Gama Duarte

28 - 07 -2015