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MENSAGEM AOS VISITANTES DO BLOG

Saúdo todos os que acedem a este meu Blog, venham ou não, de futuro, a tornarem-se visitantes habituais do mesmo.

Apraz-me contar com todos neste espaço de partilha.

sábado, 25 de abril de 2015




Instalação

Título:

Abril em flor
Concepção, design, montagem e registo fotográfico:
M. Gama Duarte / 2015
Colaboração na montagem:
Rosa Maria Duarte  




Descrição de alguns dos elementos incluídos na instalação.


Do lado esquerdo:
Tela da autoria de Rosa Maria Duarte.
Título: “LIBERDADE”.

Do lado direito:
Imagem de uma das páginas da publicação (livro) intitulada “PORTUGAL À BEIRA DA ESTRADA”, de António Conceição Jr.
Edição do INSTITUTO CULTURAL DE MACAU – LEAL SENADO DE MACAU / 10 de Junho de 1986.

Sobre a mesa:
Obra de Romeu Correia intitulada CALAMENTO - Romance

3.ª Edição – 1978 / PARCERIA A. M. PEREIRA - LISBOA.


   













Romeu  Correia
(1917 - 1996)























Poeta


Poeta sim mas sempre inteiro
Por tanto amar o Amor
Encontrei-me caminheiro

Por rostos e vozes tão vários
Ouvindo sons   medindo espaços
Minha razão estremece

Clarificando os Caminhos
Num frémito a vida leva
A cada peito uma flor
Onde canta o caminheiro

Mas perante a emoção
Essa flor abre-me o peito
E a canção canta na flor
O que ama o mundo inteiro





Poema de
José de Matos Junça
(Poeta alentejano – 1912 / 2009 – natural de Avis,
do Distrito de Porto Alegre)



























Na Foto:
Do lado esquerdo, de perfil, José M. Junça em Maio de 1984, no dia do lançamento da 2.ª edição da Colecção recortes (RECORTES 2), que ocorreu à entrada principal da Faculdade de Letras de Lisboa.
Ao fundo, de perfil, Rosa Maria Duarte.





“SEGREDOS NOVOS”
poemas

de José Junça



Em finais do ano de 1994, o Junça telefona-me e informa-me:
Amigo Duarte, ando a alinhavar o projecto para o meu próximo livro de poemas, e espero contar consigo.
Para isso é necessário conversarmos. E, se concordar, diga-me quando é possível essa conversa… É só dizer-me o dia, a hora e o local, que eu lá estarei.
(Ao tempo eu ainda trabalhava em Lisboa. Mudei-me poucos anos depois para a margem sul do Tejo, onde ainda vivo com a minha família).
Eu e o Junça combinámos então um almoço para um dia dessa mesma semana.
A nossa conversa centrou-se no seu novo projecto: mais um livro de poesia sua a editar, segundo o seu desejo, já no ano seguinte. E acerta altura o Junça foi direito ao assunto que daquela vez nos juntara:
– Amigo Duarte, como já lhe dei a saber tenho planos para um novo livro de poemas meus e estou a pensar reproduzir para a capa do mesmo um dos seus desenhos que já ilustrou um poema meu incluído na 2.ª edição da Colecção RECORTES… Gosto do desenho e acho que é adequado – combina bem… isto é: enquadra-se no espírito do título: “SEGEDOS NOVOS”. O que acha?
Senti-me lisonjeado por o Junça se ter lembrado de mim e do meu desenho, e prontamente ouviu da minha boca a resposta que esperava: o sim…
… E além do meu sim como resposta, revelei-lhe que sinceramente eu sentia: honrado pela sua opção par a capa do seu novo livro.



        

    













Palavras de

António Manuel Couto Viana,

para José M. Junça  



sexta-feira, 24 de abril de 2015










O Fado

Quando chovem guitarras

 canta-se o fado

M. Gama Duarte / 2015

Materiais:
 Desenhos a tinta da china e ecolines,
e recortes colados  






Chovem guitarras



Noite… Agora a noite...
… (Anoitece).
Há uma hora marcada para o encontro no coração da noite.
Das bandas das sete colinas, etéreo bisturis – que são vozes que ressurgem em subtileza e frémito seculares. Vozes que apontam a Sul – um apelo de asa sobrevoando o Tejo… – vozes humedecidas de um líbido de maresia.
Vamos ao encontro do coração da noite no coração da cidade…

Lisboa.
Brilhos; reflexos; cintilações; contrastes…
Sinos na noite – que não são os sinos dos campanários das igrejas, das capelas, das basílicas, ou da Sé (estes jazem em silêncio). Os sinos que redobram são bocas que folgam em odores e melodias: cantam; choram; bebem; sorriem… E à sua maneira olham; à sua maneira escutam; à sua maneira tocam; à sua maneira sentem; à sua maneira cantam (e é isto… – é assim… E isto é o fado: maneiras e gestos nossos. Mas ao nosso lado também as maneiras e os gestos de outros que chegam de outros mundos, e que por vezes nos inspiram em algum sentido na maneira de nós sermos… ou não sermos).

Rua dos Remédios, n.º 83 (Lisboa). À porta os habituais reencontros. Também outros rostos para os quais cordialmente sorrimos pela primeira vez. A entrada é estreita: saem uns, entram outros… Cruzam-se emoções.
– “Entrem… entrem, há lugar para todos!...” – convida-nos por estas palavras o Sr. João Carlos, que é como dizer: venham sempre, que são sempre bem recebidos.    
Entramos, e há sempre um banco onde sobra espaço que nos baste para nos sentarmos.
Um olhar mais circunspecto e à média luz, desbrava caminhos entres outros olhares e vultos… e ao mesmo tempo desbasta nuvens de fumaça. Fixa-se por fim nas paredes onde em cartazes e molduras ressaltam rostos – todos (ou quase todos) felizes: rostos sozinhos – isolados no espartilho dos caixilhos; rostos encostados a outros rostos em habituais manifestações calorosas, ou de circunstância… Fisionomias fidelíssimas, e muitas das mesmas, certamente, já tendo ali passado por nós… mas que esquecemos

É verdade que não adivinhamos as vozes pelas fisionomias, pelos gestos ou pela forma do andar. Assim como não adivinhamos os traços do rosto de alguém, que nunca vimos nem nos falou, por simplesmente lhe ouvirmos a voz.

 Os meus olhos voltam, saltitantes, a fixarem-se nos rosto que nas molduras continuam estáticos, e sorrindo.
Ao mesmo tempo eu acendia o segundo cigarro e soprava para o tecto a primeira fumaça. Tive a súbita impressão de que alguém havia aproveitado um súbito momento de abstracção em que me deixei levar, e que durara fragmentos de segundo, para naquelas paredes acrescentar alguns retratos mais… e que esse alguém o havia feito num apagar e acender de luzes. E entre os retratos que não vira antes, lá estava o rosto redondo e sorridente do Sr. João Carlos.
Ficámos a conhecer este rosto (o rosto do Sr. João Carlos) aquando daquela vez que, ao sabor da noite e ao cheiro do fado, ali nos encontrámos. O Sr. João Carlos é o anfitrião da casa a quem sempre estendemos a mão para um cumprimento reservado a amigos…
… E outros (outros rostos – que são sempre mais e mais – e alguns dos mais são os que a objectiva da câmara fotográfica corta, porque é sempre pequenina para tantos sorrisos) …
… E pela calada do silêncio, enobrecem-se vozes que nos despem a alma e nos amaciam o coração… Um silêncio que acorda o respirar das guitarras que febris trinam… E das molduras não arredam os rostos que parecem sorrir para nós mas que, na realidade, neles brilham olhos que não nos vêem (olhos que na película são invisuais, apesar de bem abertos, cintilantes e doces).
Porém, se esses olhos nos vissem não nos ofereceriam razões para considerarmos tal prodígio um privilégio: seria um olhar que não nos transformaria noutras pessoas: não nos acrescentaria valor: não nos alisava as arestas do destino.

(¿) Quantas e quantas vezes, nas nossas vidas, já confiámos o rosto à sensibilidade de um fotógrafo ou de um retratista a coberto do compromisso de captar o nosso melhor ângulo e a nossa mais bonita expressão?...

Silêncio… e a vossa atenção, por favor…– pedia o Sr. João Carlos à assistência… e logo passava às apresentações:
Vamos prosseguir a nossa noite de fado.
Aqui às Quintas e Sextas-Feiras, Sábados e Domingos: na “Tasca do Xico”, em Alfama. E hoje connosco à viola e à guitarra, respectivamente, Jerónimo Mendes e André Dias, para quem peço desde já uma salva de palmas…” (ouvem-se aplausos). “… E para nos cantar fado, na minha e na vossa presença, a voz de uma amiga que nos visita (mas uma cara já conhecida nesta casa): Rosa Maria Duarte”. E soa mais uma salva de palmas.
O Sr. João Carlos, além de apresentador habitual dos talentos, ele próprio é um talentoso fadista entre os mais fadistas veteranos do fado vadio… e é o anfitrião da casa: zeloso quanto à disciplina, princípios e tradições da mesma.

O troar dos aplausos abafou o ruído do banco corrido em que nos sentávamos, ao mexer-me. Rosa Maria, passando atrás de mim, ao de leve tocou-me nos ombros, e já sorria – era aquele sorriso que lhe desconta sempre duas dúzias de anos no rosto… E é o mesmo sorriso que espreita por detrás da voz que vem do centro do seu ser: da sua alma; dos seus dons; da sua vontade… – um sorriso que ganha asas e lhe viaja na voz:
– “Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de Lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
È uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.”

….
Da boca de búzios desse mesmo mar, quantas e quantas vezes recebemos beijos nos nossos ouvidos… neles deixando sons de que nos recordamos ainda, e nos recordaremos para todo o sempre (?).


O sabor do primeiro cigarro da noite; o vinho nos copos (os primeiros copos também), que lenta e silenciosamente enxameiam as emoções noctívagas; o lento acordar dos poros da sensibilidade – poros que acordam como que por encantamento… – por onde os sons nos vão penetrando até às vísceras da alma:
Silêncio, porque aqui mora o fado”.



M. Gama Duarte





(Dedico esta página à minha mulher Rosa Maria Duarte)









quarta-feira, 22 de abril de 2015



Lisboa


(Composição executada à base de colagens)
M. Gama Duarte / 2015 

Num tempo
 de outros

 tempos



Lisboa

(composição executada
 à base de colagens)
M. Gama Duarte / 2015
















































João Duarte

...
– Mãe…

... Onde, e quando, foi a cerimónia do teu casamento com o pai?
A mãe recordando o calor, as cores, o brilho e a pureza de um desejo (que fora ao mesmo tempo um sonho), respondeu ao filho:
– (Quando?..) depois da mãe conhecer o pai, meu filho… Mas primeiro namorámos… é assim o princípio com todos os casais…

Lá como o pai e a mãe se tinham conhecido (verdade, verdade), já Rosário (a mãe) havia contado ao seu filhote… (aquela história…): O pai (João) que, ao passar numa popular rua de um bairro antigo de Lisboa, vê pela primeira vez a mãe (Rosário) à janela de um rés-do-chão baixo… E depois o terem namorado ao longo de um Verão de um Outono e de um Inverno, sentados num certo banco de um pequeno jardim não longe da casa onde Rosário morava, e também não longe da igreja onde o respectivo rebento, oito meses após o nascimento, viria a receber o sacramento que lhe apagara da alma o mais antigo dos pecados da Humanidade…
… E é de não esquecer que fazia parte da história verdadeira e contada, aquele dia em que João se lembrara de levar a Rosário (sua futura esposa) um pequeno e original miminho… – um miminho dos que rareiam entre as tantas e diversas ideias que compõem a convencional lista comumente consultada pelos Romeus a fim de cativarem as suas Julietas.
E, por assim ter acontecido  – isto é, ter sido original a escolha de João –, das opções deste estavam excluídos os narcisos, as tulipas, as violetas… os anéis de safiras, as fantasias de chocolate…  etc. ou seja: essas coisas assim.
Como tal, naquele especial dia e à hora do lusco-fusco mais romântico que um Outono pode oferecer aos caídos de paixão, João enquanto um Romeu muito à sua maneira, surpreendeu a sua Julieta (Rosário) com um pequeno embrulho cujo conteúdo ao revelar-se (pela apresentação aroma e sabor), justificava a fama da velha cervejaria de Campo de Ourique (“O Canas”) que confeccionava uma das melhores bifanas de Lisboa.
E a mãe continuou, respondendo ao filho:
– E tempos depois casámos na igreja onde vieste a ser baptizado, meu filho.
Foi um casamento simples. Levamos poucos convidados… Foi uma cerimónia mesmo muito simples…
... Tu não sabes uma coisa, filho… É que as noivas quando já não são jovens deixam de possuir aquela graça. E por isso a mãe em vez de um vestido branco de noiva, levou um bonito fato azul e lilás para se casar com o pai… de modo que a mãe quando se casou com o pai foi vestida de Azul-Lilás.
...



M. Gama Duarte

(Extracto da crónica “Azul-Lilás” escrita em Setembro de 2010)








A prima Paula
caminhando por ruas de Lisboa
(uma das primas de Maria do Rosário Duarte)  




João Duarte
na companhia de amigos
num jardim de Lisboa

Maria do Rosário Duarte
na companhia de uma amiga
num jardim de Lisboa




















À esquerda João Duarte (serralheiro civil) nos anos 50,
na Lapa em Lisboa,
na companhia de um colega
de profissão 





Na opinião da clientela dos vários bairros de Lisboa que requisitava os seus serviços, o sr. João era um dos melhores no seu ofício. Chegaram até a chamar-lhe o homem dos sete ofícios. Pois, através do seu trabalho, ele prestava provas das suas competências em áreas além das que se relacionavam com a sua especialidade. Executava com qualidade trabalhos de sapateiro, de alfaiate, de marcenaria, de canalizador, de vidraceiro, e de mecânica de máquinas de costura. E era-lhe reconhecido um certo talento como inventor.






       

quinta-feira, 16 de abril de 2015





Dos frescos e verdes anos
Retratos


































Dos frescos e verdes anos
Retratos




Tios e primos do lado materno
 (férias em S. Vicente da Beira – Beira Baixa)
Ser ...




E era tudo…
–  tudo e o latejar dos seus gestos.
Lembravam-me os seus gestos
a forma das letras…
– a forma das letras mais simples (recém-nascidas).
E ainda existem os seus gestos…
e um sorriso
da cor daquele verbo doce
que se desfaz
no vermelho cetim das bocas,
e que nela deixa
o sabor da liberdade...
E lembro-me…
Lembro-me  de um violino de brincar,
e de um choro que respirava
o luar
(e que se dançava…)
E lembro-me de um pássaro azul – azul
e de asas transparentes –   
que vinha
riscando  com o seu azul
as douradas paredes do silêncio.
E eu “gritava-lhe:
– Vem!... vem …
Abeira-te de mim pássaro azul…
E diz-me de onde vens… – se do Norte,
se do Sul.


M. Gama Duarte   











Tia e primos do lado materno
 (férias em S. Vicente da Beira – Beira Baixa)




















Joaquim Gama (primo)


















Clemente Gama (primo)
























Tias e primos do lado materno


























M. Gama Duarte