123456789

123456789

MENSAGEM AOS VISITANTES DO BLOG

Saúdo todos os que acedem a este meu Blog, venham ou não, de futuro, a tornarem-se visitantes habituais do mesmo.

Apraz-me contar com todos neste espaço de partilha.

domingo, 8 de março de 2015



Hoje é o dia Internacional da Mulher (8 de Março). E hoje, e aqui, reedito o poema “A Leitura” com o qual, no dia 16 de Dezembro de 2014, inaugurei este meu blog. E acresce desta vez o prazer de o ilustrar com um belo desenho do meu amigo Jorge Macedo.
Este poema, escrito em 12 de Março de 2009, dediquei-o a todas as mães. Mas na reapresentação que dele hoje faço, dedico-o a todas as mulheres. Pois, nos imensos domínios em que elas demonstram as suas competências, é evidente ser sempre possível sentir-se o toque especial dos seus dons maternais.








Desenho da autoria de Jorge Macedo
  




A Leitura



Quando abrias um livro,
era como se abrisses um berço
e nele me deitasses devagarinho.
Devagarinho para que, lentamente,
o meu corpo se despisse
do calor das tuas mãos.

… Depois, as tuas mãos e os teus braços,
como se fossem enormes e brancas asas
de míticas aves,
afastavam-se docemente
sobrevoando a minha cabeça…
E eu então reparava
num dourado céu sem fim
à volta do teu rosto…
(Esse céu eram os teus cabelos longos e livres…)
E, no meio desse céu dourado sem fim,
o teu rosto sorria como sorri a Lua Cheia em Agosto…
E eu dizia-te assim:
    – “Mãe… pareço grande para este berço…
os lençóis são curtos… cheiram a resina
e a eucalipto…
e não me cobrem os pés…
E mal sinto a textura macia do linho
a tocar a minha boca, mãe!...
Preferia ficar ao teu colo… – sentir na minha face
o veludo do teu pescoço
e do teu peito…”

Mas tu respondias-me assim:
    – “Meu filho…
aprecia a história deste menino…– o pequeno Hugo Igor
o menino que ficava gigante
porque o seu coração singelo crescia de humanidade
sempre que escutava as histórias de encantar
que a sua mãe lhe contava”.
E tu mãe, viravas mais uma página…
e outra página… e mais outra.
E eu fechava os olhos enternecido
sentindo a tua voz
nos meus ouvidos…

E eu perguntava-te:
    – “Mãe, será que o vento que sopra assim,
melodioso nos meus ouvidos,
é a música que se toca no Céu?...
Eu tenho os meus olhos fechados, mãe…
mas também gosto deste Céu que agora vejo
de olhos fechados, enquanto te oiço…
Mãe!... acende este Céu!...
E quero olhar nele o teu rosto…
porque um Céu assim tem que ter uma Lua!...”


Lembro-me que, de os olhos fechados,
imaginava o teu rosto… e sobre ele
as tuas rugas de expressão
eram uma escrita sobre um sorriso
que eu lia enquanto escutava
as histórias que tu me contavas…
A tua expressão queria dizer que sim … – que ias
acender aquele Céu que eu via
de olhos fechados.

               

                                                                  
                                                                                                    

M. Gama Duarte                                                                                                       

12 de Março de 2009


(Poema dedicado a todas as mães)   
      

Sem comentários:

Enviar um comentário