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sábado, 14 de fevereiro de 2015



Autor: M. Gama Duarte / 1981
Título: O cavalo veloz do pensamento (na imparável cavalgada da fantasia)
Materiais: tecido, tinta da china e lápis de cor sobre papel

 






A libido de Fénix
(invocação dos mitos) 





Porque não, procurarem-me aqui? … –  o  lugar
mais óbvio… onde também me procuro…

O lugar onde procuro os claros túneis do tempo,
e entro em mim sem ter que bater
a qualquer porta.


Aqui vos espero…

Podeis rir…
(Talvez não me tenham visto
ao passarem à minha beira…)
… Sei que não vos acenei
quando por mim passastes:
… Os braços pesavam-me
sobre a folha de papel em branco
que jaz nesta mesa suspensa
na ponta das asas de Fénix – folha que já
mil vezes rasguei…
Mas que resiste… lisa, branca, marginal…
que se auto-recicla.

Sim… – folha que mil vezes rasguei,
contorcendo e desviando cursos de rios e riachos de azul…
E longe esses rios e riachos irão formar lagos e oceanos…


Mas vinde.
Se chegardes já noite,
com o que restar das minhas forças
darei vida a esta taça, e ergue-la-hei     
como se fosse a última pincelada
de um momento de inspiração…
e farei desta folha branca
um cuco de papel
que não me deixará adormecer
com o seu canto alucinado…
... E celebrarei a noite.

Mas ainda vos espero.
Não vos exigirei
nem o soluçar súbito de um sorriso…

Podem até ocultar o rosto – se essa for
a vossa vontade…
mas, pelo menos,
tragam ao colo
o vosso coração…

Quem sabe
se até eu próprio já perdi o sorriso…
e se oculto o rosto
para castigar os meus olhos…

Não tenho olhos redondos como salvas de bronze,
ou como redondos ventres prenhes de esperança…
Ou redondos como arenas habitadas
por sátiros e Minotauros em delírio.
Não tenho olhos redondos como o tampo
desta mesa a que me sento,
e onde, ao lado desta simples folha de papel em branco,
nada mais cabe
além de um céu turquesa,
de um poema em chamas,
de um cais esquecido
e de um transbordante cálice
de libido de Fénix.


Mas vinde…

Se não vierdes…
partirei desde cais…
… Partirei…
Mas que seja tarde…
não vá alguém lembrar-se
de matar o que resta de inocência
nas asas da loucura.





M. Gama Duarte

16-07-2008                                                                               
                                                                                                               

        


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